A avaliação das arritmias cardíacas pode representar um desafio diagnóstico, devido à natureza paroxística de grande parte delas. Tradicionalmente, usam-se os eletrocardiogramas (ECG) de repouso, de esforço e o Holter na busca de documentação de arritmias. O ECG de repouso, raramente, documenta arritmias de ocorrência eventual, mas é de grande valia nos casos incessantes, como taquicardias atriais automáticas ou taquicardias reciprocantes juncionais permanentes. Além disso, podem dar indícios da presença e tipo de arritmia, como nos casos de Wolff-Parkinson-White ou na presença de bloqueio atrioventricular trifascicular.O ECG de esforço documenta arrtimias, em uma minoria dos casos. O aparecimento de extra-sístoles ventriculares é comum, mas, freqüentemente, sem significado clínico 1 . Nos casos de bradiarritmias, pode-se observar incompetência cronotrópica ou o desenvolvimento de bloqueio atrioventricular completo, indicando a presença de doença no sistema distal de condução 2 . Taquiarritmias supra ou ventriculares podem ser desencadeadas devido ao aumento da atividade simpática e diminuição da parassimpática. Taquicardias supraventriculares ocorrem em 1 a 2% dos casos 3 . Certas taquicardias, como a taquicardia ventricular de via de saída de ventrículo direito em coração normal ou torsade de pointes em síndrome do QT longo, são comumente induzidas ao esforço e não durante estudo eletrofisiológico invasivo.O Holter permite uma monitorização mais prolongada do paciente, em dois ou três canais, durante suas atividades normais diárias. O registro durante todo o período do exame e a possibilidade de registrar os sintomas permitem que se façam diagnósticos de arritmias sintomáticas e assintomáticas. Além disso, é muito útil na quantificação de arritmias durante as 24h. O problema encontrado para a detecção de arritmias eventuais é o período, relativamente curto, de monitorização, 24 a 48h, geralmente insuficiente para detecção da maioria das taquicardias paroxísticas.Além disso, a chance de se demonstrar a causa de síncope por meio de Holter é menor que 10% 4,5 . Por ser incomum que esses métodos tragam a resposta esperada, foram desenvolvidos sistemas de monitorização eletrocardiográfica prolongada através de registradores de eventos, com o objetivo de auxiliar no diagnóstico de arritmias paroxísticas ocorridas com pouca freqüência. O objetivo desta revisão é discutir este método de monitorização e suas atuais aplicações clínicas.
Registradores de eventosOs registradores de eventos são aparelhos menores que o Holter, nos quais o ECG do paciente não é registrado por 24h, mas somente nos momentos em que houver sintoma e o aparelho for ativado. De acordo com o modo de registro e transmissão dos sinais, eles podem ser divididos em três diferentes grupos: transmissores em tempo real, registradores pós-eventos e registradores de eventos prévios.Os transmissores em tempo real não gravam o ECG, mas, simplesmente, o transmitem em tempo real a uma central, através de sistema telefônico. Por não haver gravação de eventos, de...