Historicamente a região Nordeste é negligenciada em estudos que se preocupam em discutir sua realidade demográfica, especialmente quando isso é o resultado de decisões políticas historicamente tomadas que potencializaram importantes diferenças entre Estados e, portanto, desigualdades de difícil superação. A escassa discussão crítica sobre a realidade nordeste começa a gerar comparações enganosas que a situam como retardada ou mesmo estagnada no processo de transição brasileiro. Assim, o objetivo deste estudo foi discutir como as decisões políticas influenciaram direta e/ou indiretamente as Transições Demográfica e Epidemiológica do Nordeste, explicando as diferenças deste processo entre os estados que compõem a região em questão. Assim, para realizar o presente trabalho foram recolhidos dados dos Censos Demográficos, bem como de DATASUS, BNDES e IPEA entre os anos 1900 e 2010, para os corrigir através de métodos estatísticos específicos da população, a fim de corrigir eventuais erros de recolha e os da realidade, e depois analisá-los. Observou-se com a execução da obra que os investimentos no setor produtivo, bem como o comércio durante 4 décadas se concentraram nos estados do sul da região, especialmente aqueles onde os setores já eram fortes. Por conseguinte, verificou-se que essas características estavam na origem de bolhas de transição na região, onde os estados mais avançados coexistiam no processo de transição com os estados subsequentes no mesmo processo. Por conseguinte, observa-se que o Nordeste está seguindo a tendência nacional, no entanto, com estados mais avançados do que outros, que exigem ações políticas específicas para tentar padronizar a velocidade da TD e TE nos estados.