2006
DOI: 10.1590/s1414-98932006000400006
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Depois das grades: um reflexo da cultura prisional em indivíduos libertos

Abstract: A vida do recluso é marcada por agressões físicas e psicológicas. A submissão do preso às experiências carcerárias repercute na assimilação da cultura prisional por meio de um processo descrito como "prisonalização", "prisonização" ou institucionalização. Estudado por sociólogos, psicólogos, psiquiatras, filósofos e juristas, o fenômeno se revela a maneira como os reclusos são moldados pelo ambiente institucional mesmo após a sua libertação. É a partir da "prisionalização" que as tradições, valores, atitudes e… Show more

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“…Como se observa, há um fio que liga o martirizado medieval com o apenado do nosso tempo: a conformidade com o estado de degradação a que foi submetido. E isto se explica pela cultura prisional que fomenta no apenado mudanças em sua identidade manifestadas sob os seguintes aspectos: como na prisão o controle é exercido a ponto de tirar a autonomia do preso, ao sair, ele não saberá tomar decisões; a autoestima é comprometida e, fora da cadeia, ele evidenciará traços de insegurança e sentimentos de incapacidade para lidar com questões simples do cotidiano; como no sistema carcerário as humilhações e patrulhamentos são comuns os apenados passam a se sentir em constante alerta e, uma vez fora, continuará com essa sensação; fora da prisão o ex-presidiário sentirá desconforto e sofrimento no período de transição, visto que tem que se ressignificar axiologicamente confrontando valores antagônicos; voltar ao ambiente familiar não é algo fácil porquê, uma vez que aprendeu a desconfiar de todos na prisão, reproduzirá essa atitude junto aos seus familiares(BARRETO, 2006).Qualquer experiência duradoura ou intensa deixa marcas indeléveis na vida das pessoas.Por exemplo, a escola é uma experiência que pode ser significativa ou insignificanteao passar dos anos quem a viveu saberá definir. O mesmo se passa com a experiência de presidiário, as marcas ficarão no processo humano de reconhecimento de si.…”
unclassified
“…Como se observa, há um fio que liga o martirizado medieval com o apenado do nosso tempo: a conformidade com o estado de degradação a que foi submetido. E isto se explica pela cultura prisional que fomenta no apenado mudanças em sua identidade manifestadas sob os seguintes aspectos: como na prisão o controle é exercido a ponto de tirar a autonomia do preso, ao sair, ele não saberá tomar decisões; a autoestima é comprometida e, fora da cadeia, ele evidenciará traços de insegurança e sentimentos de incapacidade para lidar com questões simples do cotidiano; como no sistema carcerário as humilhações e patrulhamentos são comuns os apenados passam a se sentir em constante alerta e, uma vez fora, continuará com essa sensação; fora da prisão o ex-presidiário sentirá desconforto e sofrimento no período de transição, visto que tem que se ressignificar axiologicamente confrontando valores antagônicos; voltar ao ambiente familiar não é algo fácil porquê, uma vez que aprendeu a desconfiar de todos na prisão, reproduzirá essa atitude junto aos seus familiares(BARRETO, 2006).Qualquer experiência duradoura ou intensa deixa marcas indeléveis na vida das pessoas.Por exemplo, a escola é uma experiência que pode ser significativa ou insignificanteao passar dos anos quem a viveu saberá definir. O mesmo se passa com a experiência de presidiário, as marcas ficarão no processo humano de reconhecimento de si.…”
unclassified
“…De facto, segundo Barreto (2006), o indivíduo desinserido do seu meio como ser livre passa a institucionalizado e a sofrer o peso da institucionalização, para depois ser (re) inserido na sociedade quando for restituído à liberdade, com todas as dificuldades de (re)adaptação à nova realidade, por ter assimilado a cultura do meio juridicamente privativo de liberdade, distanciando-se da (macro)sociedade, pois a (micro)sociedade em que temporariamente se encontrava enclausurado estava estruturada de forma autónoma (apesar da limitação da autonomia do indivíduo), com regras próprias e funções sociais diferenciadas.…”
unclassified
“…Na sociedade, o uso do diálogo e da diplomacia é importante para a resolução dos impasses. Na cadeia, a insegurança e a descrença são elementos que predominam; já na realidade extramuros, a confiança deve ser o componente primordial da relação (BARRETO, 2006). Essa descrição evidencia a polaridade desses universos e ratifica a dificuldade de reinserção da egressa após a liberdade.…”
Section: Depois Das Gradesunclassified
“…Uma das maneiras de impor a institucionalização no cárcere se dá através da resposta negativa que é dada às detentas para quase todas as situações e, diante dessa realidade, elas aprendem a se calar. Nesse contexto, a capacidade de escolha inexiste e o sujeito passa a responder somente às imposições vindas de fora (BARRETO, 2006).…”
Section: Violência Subjetivaunclassified
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