DOI: 10.47749/t/unicamp.2013.925857
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Dekassegui, cyber-refugiado e working poor

Abstract: Esta pesquisa buscou compreender a especificidade do lugar que o trabalho imigrante dekassegui ocupa na sociedade de classes japonesa. O fenômeno dekassegui tem como característica a burocratização do fluxo migratório e a migração seletiva decorrente da ancestralidade nipônica destes sujeitos. Esta particularidade se reflete em garantia de algumas condições razoáveis de subsistência, não obstante, não se traduz em relações de trabalho estáveis, incorrendo em uma inserção em nichos de trabalho reservados aos im… Show more

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“…Com a implementação de uma política imigratória mais restritiva, somada as dificuldades enfrentadas pelo mercado japonês mediante a falta de força de trabalho não-qualificada no setor manufatureiro, os empregadores, pouco a pouco, substituíam os trabalhadores ilegais por trabalhadoras descendentes de japonesas provenientes da América do Sul, especialmente brasileiras e peruanas (RONCATO, 2013). E muito embora o próprio governo japonês tenha sustentado que a Reforma da Lei Migratória em 1990 não ocorrera em virtude da necessidade da força de trabalho nikkei, as brechas que permitiram a concessão de vistos de residência temporária às mais de 300 mil filhas e netas de japonesas nascidas fora do japão, juntamente com seus cônjuges, bem como a diferenciação de ingresso no mercado de trabalho japonês em relação as demais imigrantes, apontam, conforme os estudos realizados por Ocada, que (…) tanto a classe empresarial japonesa, quanto seus representantes no parlamento, ao modificarem a legislação de Controle de Migraçãopermitindo o ingresso de trabalhadores nikkeis latino-americanos no mercado de trabalho japonês -, não estavam preocupados com características fenotípicas dos trabalhadores nikkeis -que supostamente deveriam assegurar o padrão de homogeneidade étnica racial -, [...], mas visavam, sobretudo, uma qualidade valorativa, simbólica, interna a este segmento de trabalhadores imigrantes, uma predisposição cultural particular -estreitamente associada ao gambarê, ao espírito japonês e à imagem idealizada da terra ancestral -, capaz de torna-los uma mão-de-obra, ao mesmo tempo, numerosa, produtiva, participativa e perseverante (2006, p. 175, grifo nosso).…”
Section: A Volta Das Que Não Foram: Capitalismo Japonês Recebe As Bra...unclassified
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“…Com a implementação de uma política imigratória mais restritiva, somada as dificuldades enfrentadas pelo mercado japonês mediante a falta de força de trabalho não-qualificada no setor manufatureiro, os empregadores, pouco a pouco, substituíam os trabalhadores ilegais por trabalhadoras descendentes de japonesas provenientes da América do Sul, especialmente brasileiras e peruanas (RONCATO, 2013). E muito embora o próprio governo japonês tenha sustentado que a Reforma da Lei Migratória em 1990 não ocorrera em virtude da necessidade da força de trabalho nikkei, as brechas que permitiram a concessão de vistos de residência temporária às mais de 300 mil filhas e netas de japonesas nascidas fora do japão, juntamente com seus cônjuges, bem como a diferenciação de ingresso no mercado de trabalho japonês em relação as demais imigrantes, apontam, conforme os estudos realizados por Ocada, que (…) tanto a classe empresarial japonesa, quanto seus representantes no parlamento, ao modificarem a legislação de Controle de Migraçãopermitindo o ingresso de trabalhadores nikkeis latino-americanos no mercado de trabalho japonês -, não estavam preocupados com características fenotípicas dos trabalhadores nikkeis -que supostamente deveriam assegurar o padrão de homogeneidade étnica racial -, [...], mas visavam, sobretudo, uma qualidade valorativa, simbólica, interna a este segmento de trabalhadores imigrantes, uma predisposição cultural particular -estreitamente associada ao gambarê, ao espírito japonês e à imagem idealizada da terra ancestral -, capaz de torna-los uma mão-de-obra, ao mesmo tempo, numerosa, produtiva, participativa e perseverante (2006, p. 175, grifo nosso).…”
Section: A Volta Das Que Não Foram: Capitalismo Japonês Recebe As Bra...unclassified
“…Contudo, seja qual for a motivação por detrás do recrutamento destas trabalhadoras nikkeis -preservação da homogeneidade étnica (CORNELIUS, 1995;YAMANAKA, 1992) ou predisposição cultural singular voltada ao trabalho árduo (OCADA, 2006) Como consequência da dificuldade do capitalismo japonês em recrutar força de trabalho barata e disponível para a execução de funções desqualificadas, como já apontado, a força de trabalho imigrante apresentou-se como relativamente necessária à reprodução do capitalismo nacional, que selecionou, mediante o auxílio jurídico da política de controle migratório, o tipo de força de trabalho que lhe fosse mais funcional -seja pela suposta "harmonia social" que as nikkeis proporcionam ao país, ou a melhor capacidade de adaptação ao trabalho exigido (RONCATO, 2013). A presença das dekasseguis brasileiras aparece então, não como fruto do acaso, ou como exercício de liberdade/mobilidade individual, mas como decorrência de uma demanda concreta de um período histórico específico.…”
Section: A Volta Das Que Não Foram: Capitalismo Japonês Recebe As Bra...unclassified
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