A PRIMEIRA metade dos anos 80, durante o primeiro governo Leonel Brizola e sob a orientação de Darcy Ribeiro, os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) invadiram com suas estruturas pré-moldadas, idealizadas por Oscar Niemeyer, a capital e o interior do Rio de Janeiro. Sintetizam uma dada concepção de educação que despertou fascínio, perplexidade e rejeição.Os CIEPs pretendiam engendrar uma mudança radical entre a "escola do futuro" e a rede múltipla, diferenciada e rica de problemas. A identidade da escola de tempo integral foi se desenhando numa dupla perspectiva -como modelo às escolas públicas do futuro e no confronto com as instituições de ensino que compunham a rede pública -, como expôs Darcy Ribeiro: "Em contraste com as escolas superlotadas, o CIEP é uma verdadeira escola-casa, que proporciona a seus alunos múltiplas atividades, complementando o trabalho nas salas de aula com recreação" (2). Nada melhor do que um projeto de linhas arrojadas, saídas da prancheta de Oscar Niemeyer. Em cada lugar no qual eram instaladas, as novas escolas faziam lembrar que ali, naquela estrada, naquele bairro, naquela pequenina ou grande cidade, a criança era a prioridade e que o futuro já havia chegado. Enfim, a nova arquitetura escolar de linhas retas, pretendia ser também um programa educador, na perspectiva observada por Agustin Escolano (1998: 45):"... a arquitetura escolar é um elemento, invisível ou silenciosos, ainda que ela seja, por si mesma, bem explícita ou manifesta. A localização da escola e suas relações com a ordem urbana das populações, o traçado arquitetônico do edifício, seus elementos simbólicos próprios ou incorporados e a decoração exterior e interior respondem a padrões culturais e pedagógicos que a criança internaliza e aprende".As belas fachadas das escolas de argamassa em estruturas pré-moldadas saídas da Fábrica de Escolas serviram de suporte para que nelas fossem exibidas inscrições com nomes das "personalidades que se consideravam exemplares para Os CIEPs são um documento vivo, um símbolo de nossas vontades e de nossa caminhada ombro a ombro com o povo (1).
Escolas na vitrine:Centros Integrados de Educação Pública (1983)(1984)(1985)(1986)(1987)) Nomear, segundo Machado (1976), implica designar, proferir, chamar, criar, instituir, eleger, escolher. Através de seus nomes, as novas escolas procuravam também inscrever com a homenagem que prestavam àqueles que tivessem lutado pela liberdade, pela cultura, pelo esporte, pela educação, enfim, por um mundo melhor, os valores que deveriam ser consagrados, seguidos, imitados. Mas, como o nome revela, além das características e qualidades do objeto nominado, a subjetividade ou posição daquele que nomeia -ainda segundo Machadoconfigurava-se assim, que para o governo tão importante quanto construir escolas era fazer escola: romper com o tradicional, com todo o legado do autoritarismo e investir numa concepção de escola comprometida com ideais democráticos inaugurando novos tempos.Cada prédio que surgia cumpria o papel de provar que o futuro estava c...