Davis, Mike. Planeta Favela. São Paulo: Boitempo Editorial, 2006, 272 P. O Perverso Boom Urbano E a Favelização Do Terceiro Mundo

Abstract

Nos próximos anos, pela primeira vez na história da humanidade, o total da população urbana mundial irá sobrepujar o da população rural. Esse fato já pode até ter ocorrido, tendo em vista a imprecisão de alguns censos realizados em países do terceiro mundo. A que se deve esse fenômeno, onde se concentra e como vive a população que hoje se urbaniza?Planeta favela procura responder a essas questões ao discorrer sobre o crescimento das cidades e da pobreza urbana no terceiro mundo -incluindo a China e países do ex-bloco comunista -e, em particular, sobre a fase mais recente deste processo, caracterizada por sua acentuada aceleração. Nele, Mike Davis analisa os processos gerais relacionados ao "perverso boom urbano" verificado em escala mundial a partir de meados dos anos 1970, utilizando extraordinária bibliografia, majoritariamente em língua inglesa, e inúmeros dados estatísticos, numa perspectiva marxista.O livro foi publicado no Brasil pela Boitempo apenas poucos meses depois do lançamento de sua versão original pela Editora Verso, Londres/Nova York, em março de 2006. Esse fato se deve seguramente à atualidade e relevância da temática tratada, além da acolhida que ela encontra no meio acadêmico e na opinião pública brasileiros. A pobreza urbana tem sido alvo da atenção de nossos políticos, intelectuais e jornalistas desde fins do século XIX, além de objeto de estudos e pesquisas em diferentes áreas do conhecimento, especialmente nas ciências sociais, desde meados do século XX. Dentre a produção mais recente sobre o tema, destacam-se os trabalhos da socióloga Licia Valladares (2005)

Não narrarás esta nação: negritude, branquitude e masculinidades na obra >i<Recordações do Escrivão Isaías Caminha>/i<, de Lima Barreto

“…A consolidação do pensamento europeu na Era Moderna levou em conta a constituição de uma narrativa histórica circunscrita a um campo experiencial estritamente europeu. Desde a cisão proposta pelo método cartesiano de Descartes, passando pela Revolução Científica à Era 4 Acredito que outros teóricos como Adorno, por exemplo, verão a modernidade com olhos receosos. Michael Lowy e Eleni Verikas relatam, em artigo intitulado A crítica do progresso em Adorno, como Adorno encarou o ideal do progresso, característico da Era das Luzes, não como um caminhar para a emancipação do sujeito, e sim como uma sucessão de ruínas históricas (LOWY; VERIKAS, 1992, p. 206-207).…”

Um lugar ao sol

“…Nessa empreitada, busca-se através do discurso terapêutico o convencimento de que na identidade a cultivar está a cura e a porta de saída do sofrimento, não sem provocar sentimentos de culpa em pessoas recém-iniciadas nos debates travados pela luta por reconhecimento e que têm dúvidas sinceras sobre se é correto vender produtos inspirados na herança ancestral para compradores brancos -o contemporâneo entendimento de "apropriação cultural". Aqui, aliás, se manifesta outra fonte de sofrimento: os empreendedores iniciantes que participam desses circuitos buscam orientações para que seus negócios prosperem, mas sofrem com as definições fugidias e imprecisas; no caso, gostariam de poder destinar os frutos do seu trabalho aos sujeitos desmonetizados com quem compartilham a localidade periférica, mas na 89 Inspirado nisso, Paulo Arantes (2014) percebeu no mundo contemporâneo uma "era de expectativas decrescentes" em que o estreitamento entre o espaço de experiência e o horizonte de expectativas, sem o qual o outro não existe. Para Arantes, a ruptura provocada pela modernidade, pelas invenções, pelas grandes navegações e pela Revolução Francesa, faz com que o espaço de experiência saturado pela visão escatológica cristã -a espera pelo fim do mundo -, não mais responda às expectativas abertas por essas inovações.…”

O trabalho docente na rede pública de ensino do estado de São Paulo

“…Isto é, o consenso neoliberal é imposto, e, para garantir a manutenção da estrutura de dominação de classe vigente, aplica formas virulentas de desmantelamento e punição contra não apenas opositores, mas também contra vacilantes em relação à adoção do projeto. É uma organização de guerra -mesmo que contra não-insurgentes (Arantes, 2014). É a liberdade de escolha -única e exclusivamente para a submissão.…”

“…Nesse sentido, a formação é uma das ferramentas de controle aplicadas pelo capital sobre o trabalho, que tem como objetivo garantir a anuência -e a participação ativa -de trabalhadores/as à própria exploração (KUENZER, 2011;ARANTES, 2014;FONTES, 2018;CATINI, 2021 etc. ), coerente com as transformações das formas de organização do capital, de acumulação flexível.…”