O trabalho é uma construção sócio-histórica e está em constante mudança. É um processo instável, uma invenção humana que se institui em cada posto de trabalho e em cada trabalhador. A ergonomia se propõe a contribuir na compreensão do trabalho em sua complexidade. O norteador no presente artigo será a saúde dentro de um contexto de trabalho. Desta forma, foram privilegiados os estudos oriundos da e na ergonomia, como Wisner e Falzon, e particularmente os estudos dos autores Schwartz e Clot, que partiram da ergonomia francesa para ampliar as propostas de análise da atividade de trabalho, o primeiro com a Ergologia e o segundo com a Clínica da Atividade. Como caminho metodológico, optou-se por utilizar uma pesquisa documental, descritiva e quantitativa, por dados primários, que mapeou as licenças médicas apresentadas pelos servidores da Universidade pesquisada no período de março/2007 a fevereiro/2009, como justificativa de ausência ao trabalho. Com o entendimento de que o trabalho se configura como fator preponderante no processo de saúde e adoecimento destes trabalhadores e as possibilidades de ação sobre os impactos dos novos modos de viver e trabalhar na saúde dos trabalhadores. Os ganhos desta reflexão são plurais, não apenas no sentido de todos os envolvidos no processo, mas nas possibilidades que se abrem para avançar no tema. Os dados desta pesquisa indicam que não é possível pensar o adoecimento dos trabalhadores e as faltas ao trabalho de forma descolada da vida. Os transtornos mentais e comportamentais e as doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, que predominam na população pesquisada, são apenas emergência de outros processos que os subsidiam, resultam, assim, não de fatores isolados, mas de contextos de trabalho em interação com o corpo e o aparato psíquico dos trabalhadores. Tendo como certo a inevitável interação do homem com o trabalho, essas considerações possibilitam também uma reflexão sobre o trabalho dos profissionais de saúde na instituição pesquisada, propiciando uma discussão que não somente evite a degradação da saúde, mas que, numa abordagem ativa da saúde do trabalhador, amplie as possibilidades de construção e reinvenção da relação saúde e trabalho.