A partir da série televisiva Chernobyl e dos relatos do livro de Svetlana Aleksiévitch, Vozes de Tchernóbyl, que tratam do acidente nuclear em Pripyat, em 1986, este artigo discute os aspectos relacionados às condições e às relações de trabalho que as cenas evocam. A tragédia de Chernobyl pode ser vista como um acidente de trabalho, tendo ocasionado entre4.000 e 93.000 mortes. Os aspectos que se pretende examinar dizem respeito às relações de poder, à relação entre o trabalho prescrito e o trabalho real e demais fatores. Na análise proposta, serão usadas as contribuições da psicodinâmica do trabalho, da saúde do trabalhador, da ergonomia francófona e de discussões teóricas acerca do mundo do trabalho. Ainda que as reflexões aqui levantadas sejam suscitadas a partir de adaptações constituídas de doses variáveis de ficção, elas podem ser úteis à discussão de aspectos que podem levar ao adoecimento no trabalho.