Cultura cinematográfica e identidades queer no Brasil contemporâneo

Abstract

Resumo Este artigo procura analisar a interação entre a cultura cinematográfica brasileira, as comunidades LGBTQIA+ e a sociedade em geral no começo do século XXI, uma interação (e produção cinematográfica) que aumentou exponencialmente durante o período destacado, em grande parte como resultado do alcance aos meios de produção de grupos historicamente segregados, juntamente com maior acesso ao financiamento de filmes. Após contextualizar a produção de filmes queer e a exibição dos mesmos no século 21 no Brasil, o artigo analisará os seguintes filmes lançados nos últimos seis anos: Praia do Futuro (Karim Ainouz, 2014), Mãe só há uma (Anna Muylaert, 2016) e Bixa Travesty (Kiko Goifman e Claudia Priscilla, 2018).

História do tempo presente e fontes cinematográficas: uma breve análise de White Christmas em Black Mirror

“…Pesquisas também apontam ainda a predominância do modelo patriarcal burguês e nuclear, da qual permanece ainda a autoridade paterna nas relações familiares. Goldani (1993) explica que nas novas configurações familiares, o papel de provedor passou a ser compartilhado com os demais membros do grupo familiar, o que colabora com a ruptura do modelo tradicional de família onde aos homens lhe caberia o trabalho fora domicílio e o provento da família, e as mulheres o trabalho doméstico. Esta por sua vez, mesmo trabalhando fora domicílio, ainda continua responsável pelos afazeres domésticos.…”

“…Não há como atribuir a esses diferentes modelos de famílias a responsabilidade de serem as únicas culpadas pelo fracasso ou problemas emocionais, comportamental e escolar de seus membros. Muitos fatores precisam ser analisados dentro da própria relação familiar, como enfrentamento das dificuldades econômicas que obriga os membros a saírem para o mercado de trabalho para contribuir com a manutenção do grupo, e o declínio do familismo e crescente individualismo e igualitarismo como marcas do processo de modernização, seria um desses fatores (GOLDANI, 1993).…”

Família e mercado de trabalho sob o impacto das políticas econômicas nas décadas de 1980 e 1990 no Brasil

“…Assim sendo, essa redução determinou um crescimento maior da proporção de famílias em relação à taxa de crescimento da população total. Contudo, como enfatizado por Goldani (1993), as diferentes dinâmicas demográficas e nível de desenvolvimento também respondem por essas diferenças. As regiões sul e sudeste, acompanhando o mesmo movimento de tendência entre as demais regiões, reduziram os diferencias existentes entre as famílias chefiadas por homens e as chefiadas por mulheres, entretanto nessas regiões a proporção das que eram a mulher a pessoa de referência não superaram as do homem nas faixas superiores de anos de estudo, como assistido com o norte e nordeste.…”

“…Porquanto, as indicações apontam em direção de que a manutenção deste modelo de articulação trabalho e família, em que se assenta na sobrecarga da mulher e um menor envolvimento do homem na reprodução, deve-se, por um lado, à conjugação de fatores demográficos, sociais e econômicos e, de outro, à ausência adequada de políticas de articulação trabalho e família no país que permitam o amplo acesso (BILAC, 2014). Contudo, porém, não deve ser desconsiderado que as mudanças no período caminharam no sentido de alterações nas condições de reprodução da população, dos padrões de relacionamento entre os membros da família, culminando no questionamento dos modelos de autoridade e profundas alterações na posição relativa da mulher (GOLDANI, 1993).…”