por que devemos olhar para o contexto internacional?Reflexões sobre a governança do setor Saúde 1Celia Almeida D esde o início de 2020 vivemos uma situação inusitada com a pandemia de e seu impacto em todos os âmbitos da vida cotidiana, em todos os níveis -mundial, nacional, grupal e individual -onde a incerteza e a insegurança parecem permanentes.Mais do que nunca, precisamos estar atentos às várias dimensões interconectadas desse processo. Muitas dinâmicas complexas que já estavam em curso se exacerbaram e ficaram mais visíveis com esta catástrofe humanitária, que não foi produzida só pelo vírus até então desconhecido, mas por todo contexto global, multifacetado e agressivo do qual ele emana.Hoje sabemos mais sobre o vírus, graças a um historicamente inédito e rápido desenvolvimento científico e tecnológico. Sabemos, teoricamente, o que se deve (ou deveria) fazer e o que pode (ou poderia) ainda ser feito. Proliferam recomendações, sugestões de procedimentos/alianças que poderiam ser adotadas, com melhores possivelmente resultados. Por que não se cumprem, ou não são alcançados os benefícios que apregoam? Para além das fronteiras nacionais, e sem diminuir em nada a inadmissível irresponsabilidade de alguns governantes, parece-nos importante olhar um pouco mais além. Existem conexões entre os contextos internacional e nacional que merecem nossa atenção.Constata-se a simultaneidade de mudanças que vinham ocorrendo no mundo desde os anos 1990, e discussões sobre a área social, incluída a saúde, pari passu com o surgimento dos novos termos -saúde global, diplomacia da ou em saúde global, governança da saúde global. Aquelas mudanças alteravam a dinâmica do sistema mundial, composto pelos Estados-nação em um mundo caracterizado por grandes assimetrias de poder (centro, periferia e semiperiferia) e do sistema internacional, formado pelo 1 Síntese atualizada de trabalhos publicados pela autora em 2020 e 2021.
COVID-19Esse é o cenário em que a pandemia de Covid-19 se espalha pelo mundo, exacerbando os resultados desastrosos das últimas décadas e descortinando as dificuldades inerentes a essas configurações. * Os 7 países anunciaram doação de doses de vacina e entregaram parte do anunciado, em quantidades variáveis. Os EUA foram o maior doador até 09/11/2021.