Este trabalho parte de inquietações acerca do atendimento de uma criança, na Clínica de Linguagem, cuja mãe solicitou um diagnóstico diferencial entre Apraxia de Fala na Infância e Transtorno do Espectro Autista. Discute-se a contradição entre a indecidibilidade diagnóstica e a suposta universalidade destas categorias. O objetivo é propor um diagnóstico de linguagem que leve em consideração não somente as inusitadas produções orais de uma criança, mas seu modo de relação à fala do outro e à própria. Utilizou-se como método a discussão de um caso clínico, cujo diagnóstico de linguagem era indicativo de fracassos na inscrição significante no corpo. A intervenção foi realizada sobre o efeito da fala da criança no outro que, à deriva, ficava preso ao espelhamento do gesto motor, impossibilitado de a ele atribuir valor linguístico.