Este trabalho investiga o lugar do tráfico na história política de Pernambuco entre 1817 e os anos 1840, através da trajetória de dois grandes traficantes, pai e filho, que operavam a partir do Recife e de seu engenho na zona da mata – um dos maiores da província. Ambos estiveram sempre do lado monarquista e conservador na política provincial. O pai, português, chegou a ser preso pelo governo republicano de 1817. O filho não era branco, mas ocupou posição destacada no corpo do comércio do Recife e casou com a filha de outro grande negociante de cativos, constituindo talvez a família mais abastada da província. Na escala atlântica, Pernambuco está em quarto lugar entre os locais que mais receberam cativos da África entre os séculos XVI e XIX. O estudo dessas trajetórias, portanto, ajuda a entender o papel político dos traficantes e suas redes no contexto da Independência e da transição para negócios legais depois de 1831.