Coprodução De Conhecimento Em Gestão Em (A Partir De) Países E Sociedades Emergentes

Abstract

RESUMO Em uma era de descolonização e império, o campo da gestão abraçou a contrarrevolução neoliberal liderada pelos EUA e desafiou a hierarquia eurocêntrica teoria-prática para produzir conhecimento relevante por meio de teorias de aprendizagem gerenciada. Contra a ameaça de “relevância reversa” promovida por bárbaros emergentes/ressurgentes essa contestada revolução gerencial (RG) reformista e mercadocêntrica subalterniza teorias-práticas sulistas do multifacetado campo de administração do desenvolvimento (AD) e “desdesenvolve” a maioria global ao privilegiar grandes corporações e elites transnacionais. A RG é expandida nos anos 1990 por meio de uma perspectiva social pós-Consenso de Washington baseada em dinâmicas reocidentalizantes branqueadoras de apropriação-contenção de neoliberalismos desenvolvimentistas e movimentos contra-hegemônicos sulistas informados por dinâmicas desocidentalizantes e decoloniais que desafiam-reafirmam estruturas do capitalismo racial. Em uma Era do Desenvolvimento, a RG é rearticulada nos anos 2000 em resposta a hibridismos “irresponsáveis” em países e sociedades emergentes impulsionados por dinâmicas sulistas de aprendizagem-desaprendizagem-reaprendizagem. Este artigo investiga coprodução de relevância sulista do conhecimento no Brasil por meio de cumplicidade subversiva a partir de um nexo organização-escola privilegiado. A análise mostra como gestores e pesquisadores (re) mobilizam teorias-práticas sulistas para coproduzir relevância sob uma perspectiva transformacional-reformista. No final, apresentamos discussões e sugestões para reapropriação coletiva da relevância sulista engajada com o outro em sociedades emergentes/ressurgentes no Sul e Norte.

Mecanismos de Compliance e Anticorrupção em Indústrias da Região Sul do Brasil

“…Taking into account the increasing recognition of the social, economic and political costs of corruption, Brazil has made international commitments that, together with the demonstrations of indignation with the existing corruption, led, on August 1 st , 2013, to the promulgation of the Federal Law 12.846, which began to be applied from January 29 th , 2014 (Góis et al, 2016;Sadek, 2019;Ferreira, & Leismann, 2020). This law deals with the administrative and civilly accountability of legal entities that incorporate into illegal acts against the public administration (national or foreign), in addition to indicating other measures that are necessary (Castro et al, 2019;Cardoso et al, 2019).…”

“…The penalties provided for in the law are cumulative, and it is possible to apply fines from gross invoicing, even before there is a process. It also provides for the publication in the channels of communication of the conviction, the repair of full damage, the application of sentence to those responsible for the administration, loss of goods, temporary suspension and/or partial prohibition of activities, and there may even be the dissolution of the legal entity (Cella et al, 2019;Ferreira, & Leismann, 2020). Table 1 shows the main guidelines provided for in the legislation.…”

“…For Ferreira and Leismann (2020), corruption occurs when a certain individual benefits or benefits third parties from some situation, being aware that the act practiced is unlawful. This subject is widely discussed by the Agency Theory, which in its theoretical perspective deals with the concern of the person entitled as principal, who has the duty to prevent the agent from acting for his own benefit, that is: the classic conflict of interests (Pimenta, 2018).…”

Administração do Desenvolvimento em Reginaldo Souza Santos

“…Para entendermos o sentido mais amplo e práxico-teórica da AD em Reginaldo Souza Santos é preciso antes demarcar sua posicionalidade geoepistêmica e sua trajetória de vida engajada com a maioria e seletivamente desengajada do campo da gestão/administração predominantemente neocolonial que desdesenvolve a maioria enquanto protagoniza dinâmicas de negação, apropriação e contenção do multifacetado campo de AD (Faria, 2023). Não temos a pretensão de biografar o pensador ou intelectual que juntamente com outros resiste à colonialidade, mas, apenas contextualizar para que o leitor saiba o que estamos a rememorizar sob uma perspectiva historiográfica decolonial que desafia essencialismos em gestão (Faria;Cunha, 2022), com intuito de combater dinâmicas sistemáticas de desmemorização e apropriação-contenção do campo ressurgente de AD, também denominado de "gestão do desenvolvimento" por instituições neoliberais recolonizantes do Atlântico Norte neoimperial Cooke, 2008) que são alimentadas e alimentam a síndrome do temor de corpos sulistas "mais escuros" (Moura, 2020).…”

“…O principal objetivo desse contestado projeto era instrumentalizar, por meio do gerencialismo, a elite burocrática e empresarial dos países e povos do chamado Terceiro Mundo, classificados como subdesenvolvidos nos primeiros momentos da Guerra Fria, quando o presidente Harry Truman oficializou a substituição da Pax Britânica pela Pax Americana, com foco predominante na governança do eixo Ocidente-Oriente como a nova configuração Norte-Sul (Layne, 2012). Esse campo, multifacetado e de múltiplas origens virtualmente ignoradas pelas historiografias dominantes, (Faria, 2023;Willis, 2011) foi construído por meio de dinâmicas domésticas e internacionais de apropriação de práticas e modelos de (auto)desenvolvimento e então transformado em um projeto neocolonial suportado pela lógica positivista do pensamento liberal branqueador que defendia a transferibilidade benevolente da racionalidade civilizatória do mundo dito desenvolvido para o mundo subdesenvolvido Faria, 2013;Motta, 1973;Braga, 2016). Apesar de publicizado como constituinte de um projeto estadunidense pósimperial, pós-eurocêntrico, a AD serviu de instrumental político-ideológico e militar de combate ocidentalista ao inimigo comunista que se expandiu durante a Guerra Fria por meio da contestada difusão de teorias de desenvolvimento socialista e modelos correspondentes de administração (Ibhawoh;Dibua, 2003;Loveman, 1976).…”