Coparentalidade no Contexto de Depressão Pós-Parto: Um Estudo Qualitativo

Abstract

Resumo O objetivo deste estudo foi investigar a coparentalidade no contexto de depressão pós-parto. Participaram 11 famílias com bebês no primeiro ano de vida, em que a mãe apresentava depressão pós-parto. A mãe e o pai responderam entrevista sobre sua experiência de maternidade e paternidade, respectivamente. Essas entrevistas foram examinadas por meio de análise de conteúdo qualitativa, com base em quatro categorias da coparentalidade: divisão de trabalho parental, apoio versus depreciação coparental, gerenciamento das interações familiares e acordo nos cuidados. Os achados evidenciaram que sintomas de depressão pós-parto, como irritabilidade e cansaço, apareceram associados principalmente a relatos de pouco apoio e de depreciação coparental, por parte de ambos os genitores. Os resultados também revelaram certa dificuldade materna para estabelecer interações triádicas, bem como estratégias negativas de resolução de conflitos coparentais. Discutem-se implicações da depressão pós-parto na coparentalidade.

Impacto da depressão materna na saúde infantil / Impact of maternal depression on child health

“…É importante realizar o diagnóstico diferencial com o quadro de baby blues (melancolia da maternidade ou disforia puerperal) que afeta cerca de 75% das mães, surge em geral nos dois primeiros dias após o parto e cessa em até duas semanas, sendo caracteristicamente transitório e autolimitado. 3,5 Os principais fatores de risco para DG e DPP apontados pelos estudos são: baixo nível socioeconômico, baixa escolaridade, baixo prestígio ocupacional, conflitos intra e interpessoais, relação conflituosa com o pai da criança, eventos estressantes (como problemas de saúde, complicações na gravidez, parto, pós-parto e aleitamento) e depressão ou ansiedade prévia. 3,6 Dispõe-se de diversos instrumentos para auxiliar no diagnóstico da depressão.…”

“…Composta por 4 elementos: Divisão de trabalho parental, apoio versus depreciação parental, gerenciamento das interações familiares e acordo nos cuidados. 5 A DPP pode trazer desdobramentos negativos às relações diádicas, tanto parentais como conjugais. A depressão materna parece ser um fator de fragilização da relação coparental, gerando-se dificuldades na parentalidade, afetando diretamente o filho.…”

Estresse parental percebido na gestação e na maternidade

“…O momento da gestação é um período em que a mulher começa a assumir o papel de mãe, passa por mudanças corporais, nos seus relacionamentos, estilo de vida e nas suas emoções (HOLLIST et al, 2016;PEREIRA;ALVES, 2017). Autores afirmam que a gestação pode gerar medo e estresse na vida da mulher (ZORNIG, 2010;FRIZZO, 2019).…”

“…No presente estudo, os fatores analisados (ter ou não um companheiro, este ser ou não o pai da criança e residir com companheiro) não apresentaram associação com os níveis de estresse parental. Os resultados trazem que a maioria das mulheres possuía um companheiro que era o pai da criança e morava na mesma casa, mostrando que mais estudos precisam investigar estas questões, que podem configurar circunstâncias para tornar a vida das mulheres mais difícil e com prejuízo às práticas parentais (HOLLIST et al, 2016;FRIZZO et al, 2019).…”

“…Situações de estresse na gestação podem afetar o vínculo com o bebê no prénatal, pós-natal e no desenvolvimento da parentalidade (MOLGORA; FENAROLI; SAITA, 2019). Nesse sentido, o pai, parceiro, parceira ou outra figura parental pode ser um determinante importante do estado emocional da mulher (BRASIL, 2012).Relações abusivas podem aumentar o estresse pré-natal e, por outro lado, relações de apoio e compreensão podem ser uma importante fonte de suporte emocional (GLOVER; CAPRON, 2017).O nascimento do bebê, mesmo quando planejado e esperado, pode desencadear problemas emocionais nos pais, tais como depressão e manifestações psicossomáticas(ZORNIG, 2010;FRIZZO, 2019).…”