Contributos para a auto-regulação do bebé no Paradigma Face-to-Face Still-Face

Abstract

Logo após o nascimento o recém-nascido apresenta comportamentos instintivos de auto-regulação que lhe permitem controlar as suas respostas motoras e vegetativas isolando-se de estímulos perturbadores, organizando-se face ao stress e iniciando ou terminando a interação com os pais. Estes comportamentos evoluem ao longo do primeiro ano de vida. A partir dos 3 meses estes comportamentos parecem organizar-se em estilos comportamentais e ter um peso moderado na qualidade da vinculação mãe-filho(a). No intuito de estudar os processos de auto-regulação do bebé e o papel materno na interação, observámos 98 bebés (46 meninas, 51 primíparos, nascidos com mais de 36 semanas de gestação) e as suas mães, na situação experimental Still-Face aos 3 e aos 9 meses. O comportamento dos bebés foi classificado ou descrito quanto à sua forma de organização comportamental (e.g., capacidade de recuperação após o episódio do Still-Face) e o comportamento materno quanto à qualidade do envolvimento e ao nível de intrusividade. Os resultados indicam diferenças individuais na auto-regulação do bebé, das quais descrevemos e apresentamos 3 padrões de organização de resposta subdivididos em sub-padrões comportamentais associados. Estas formas de auto-regulação apresentam uma elevada associação com as respostas maternas, género do bebé e paridade. Os dados deste estudo suportam a tese de que a auto-regulação infantil resulta da capacidade de mobilização dos recursos do bebé e da resposta que recebe para apoiar os seus esforços. Palavras-chave:Auto-regulação infantil, Contributo materno, Still-Face. IntroduçãoO bebé na interação com o meio descodifica múltiplos estímulos que lhe permite, posterior mente, preparar uma resposta e acomodá-la de acordo com a informação prévia, i.e., o bebé aprende a organizar-se face a esses estímulos. Neste sentido desenvolve mecanismos de reação e de auto--regulação para lidar com a estimulação que o rodeia. Estes processos decorrem do seu desenvolvimento e, simultaneamente contribuem para esse desenvolvimento (Posner & Rothbart, 2000). Em 1989, Kopp definiu auto-regulação infantil como a capacidade do bebé manter estados positivos em situações perturbadoras. Ora, nesta definição a auto-regulação é entendida como uma competência da criança e a ansiedade é vista pela autora como a necessidade que permite ao bebé regular as suas emoções para alcançar o bem-estar psicológico e fisiológico. Gianino e Tronick (1988) desenvolvem um modelo diferente para explicar a regulação do bebé. O Mutual Regulation Model pressupõe que o bebé regula as suas emoções de acordo com as respostas externas através de um repertório de comporta mentos que lhe permite manifestar contentamento, descontentamento ou auto-conforto. 469Este estudo foi financiado pela FCT, no âmbito do projecto PTDC/MHC-PED/1424/2014. A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Íris Seixas,

Interactive behaviors between mothers and their prematurely born infants in the face-to-face Still-Face Paradigm

“…However, self-comforting behavior decreased substantially in the maternal still-face episode and was very high in the other two episodes. Considering the outcome of these studies and other investigations conducted with Portuguese samples, it was observed that the state self-regulation pattern is significantly more frequent in preterm infants compared to term infants (Fuertes et al, 2014;Seixas, Barbosa, & Fuertes, 2017). The results of this study are original in finding three self-regulation patterns.…”

Predicting Patterns of Regulatory Behavior in the Still‐Face Paradigm at 3 Months

“…Maternal Intrusiveness Scale (Seixas, Barbosa, & Fuertes, 2017) The Maternal Intrusiveness Scale evaluates the level of intrusiveness the mother exhibited with her infant during the reunion episode of the FFSF. Scores reflect both quantitative (e.g., frequency and duration of intrusive behaviors) and qualitative (e.g., vocal tone, infant response) dimensions of maternal intrusive behavior.…”

“…Maternal ability to comfort the infant (Seixas et al, 2017) This scale assesses the mother's ability to calm her infant when distressed during the reunion episode of the FFSF paradigm. Scoring assesses the frequency and quality of PREDICTING INFANT REGULATORY PATTERNS maternal comforting behaviors as well as infant behavioral indicators (i.e., rapidity and consistency with which the infant calms down).…”

Transição para educação infantil: estudo comparativo do processo de vinculação primária e secundária

“…Psico, Porto Alegre, v. 51, n. 2, p. 1-12, abr.-jun. 2020 | e-34869 Cientes da importância do vínculo para o desenvolvimento infantil, discute-se, a partir de mudanças sociais relacionadas aos papeis familiares, como favorecer a oferta de cuidados para a criança de modo a viabilizar padrões de vinculação como fatores de proteção e autorregulação (Montirosso, Borgatti, Trojan, Zanini, & Tronick, 2010;Seixas, Barbosa, & Fuertes, 2017).…”