Contextos sociais na formação de treinadoras de ginástica rítmica: a aprendizagem ao longo da vida

Abstract

O objetivo foi analisar a influência dos contextos sociais de treinadoras de Ginástica Rítmica, considerando as aprendizagens adquiridas ao longo da vida. Participaram do estudo cinco treinadoras. Os dados foram coletados a partir de uma entrevista semiestruturada. Este estudo baseia-se no pressuposto de que os contextos sociais são espaços e tempos de aprendizagem que se relacionam com as escolhas e experiências profissionais das treinadoras. Considera-se que a influência da família é significativa para a inserção e a manutenção no esporte, além do destaque no ambiente escolar e esportivo como contextos de relevância para a escolha profissional. Conclui-se que os contextos de aprendizagem tornam-se oportunidades de aquisição de conhecimentos, valores e crenças que influenciam a trajetória pessoal e profissional das treinadoras.

Saberes, contextos e situações de aprendizagens significativas na formação de treinadoras de Ginástica Rítmica

“…A necessidade de uma proposição específica para a formação de treinadores de GR e as fragilidades no processo formativo já foram alertados anteriormente 18,19 . Para E6, os elementos ginásticos, manejo de aparelhos, música e movimento/ritmo e o aspecto artístico devem ser considerados conhecimentos específicos fundantes para um treinador de GR.…”

“…O código de pontuação é um documento de referência para escolha de conteúdos, definição de progressões técnicas e aperfeiçoamento de elementos 25 . É uma espécie de guia para o desenvolvimento de coreografias competitivas 26 pois trata dos elementos, combinações e relações obrigatórias para a participação em eventos 19 . Somente o domínio do código não basta para que a haja uma iniciação esportiva de base qualificada (que leve em conta aspectos lúdicos, motores e processos de aprendizagem da criança etc.)…”

“…Todavia, houve também uma tendência em relatos sobre a precariedade de utilização desses saberes disciplinares associadamente aos saberes específicos da GR. A percepção das experts é que, apesar do reconhecimento de tais saberes, no universo das treinadoras parece ter mais valor os ditos saberes aplicados na ação, do fazer diário dos treinamentos, numa lógica de que a execução de um movimento pode ser realizada independentemente do entendimento teórico 18,31,25,19 .…”

“…Os saberes da transposição do "ser ginasta" para "ser treinador" são os conhecimentos transferidos da experiência como atleta de GR para a profissão treinador da modalidade. Essa premissa tem potencialidades ao tomar como base a aproximação tácita com a cultura do esporte, mas deve-se reconhecer que as experiências vividas como atleta favorecem, mas são insuficientes e nem podem definir as complexas funções e ações como treinador 19,17,32 . E é nesse sentido que as experts demonstraram suas inquietações, ao apontar para a problemática da reprodução não reflexiva na prática profissional daquilo que outrora se aprendeu como ginasta, numa concepção funcionalista de que o fato de ter executado movimentos com eficácia bastaria para ensiná-los nessa mesma perspectiva.…”

“…Tal cenário reflete na reivindicação/sugestão prioritária das experts, referente a uma pauta já levantada anteriormente por técnicas de GR 19,39 : a necessidade de um curso modelo Academia FIG d , uma formação continuada específica para GR que trate saberes teórico-conceituais-práticos de forma contextualizada com a realidade brasileira, com certificação e habilitação para participar em competições oficiais. A CBG e daria uma chancela às federações estaduais para organizarem e implementarem esses cursos, no entanto, seria importante pensar em estratégias para um acesso democrático e facilitado aos profissionais: custos acessíveis, locais de realização centralizados, datas e períodos de execução adequados etc.…”