Este artigo considera as margens de manobra dos governos municipais em termos de transição para sistemas alimentares urbanos mais sustentáveis, por meio das políticas de alimentação escolar. Nos últimos anos, multiplicam-se as leis sobre o abastecimento da alimentação escolar como ferramenta para fortalecer as agriculturas alternativas (local, orgânica, familiar). No presente texto, o caso francês é focalizado a partir de pesquisa de campo na metrópole parisiense. O estudo examina a implementação pelos gestores locais da lei Grenelle 1, que coloca o objetivo de aquisição de, no mínimo, 20% de produtos orgânicos e 20% de produtos com baixo impacto ambiental. Para investigar o potencial de transição destas medidas, propomos três tipos ideais de sistemas de abastecimento. Esses últimos descrevem de forma estilizada as lógicas adotadas pelos gestores, considerando as redes de atores, os tipos de coordenação, os recursos territoriais mobilizados e as relações com o território. O primeiro tipo ideal identificado é a lógica agroindustrial renovada; o segundo é um sistema territorializado regional com emergência de novos intermediários; e o terceiro é um sistema territorializado local baseado em redes de proximidade e ações sobre o fundiário.