Comportamento ambiental da ametrina e suas influências sobre a diversidade da comunidade microbiana dos solos

Abstract

O herbicida ametrina é relativamente persistente no meio ambiente e está entre os cinco mais usados junto à cultura da cana-de-açúcar no Brasil. Técnicas radiométricas e moleculares foram utilizadas neste estudo para avaliar o potencial de sorção/dessorção e a biodegradação da ametrina, além do impacto do tempo de residência deste herbicida sobre a estrutura e a diversidade da comunidade microbiana, respectivamente. Os solos foram coletados em áreas florestais, sem histórico de aplicação de ametrina, sendo que um deles apresentou textura mais argilosa (NVef) e o outro mais arenosa (RQo). A ametrina apresentou baixo a moderado potencial de sorção (K d = 2,2 e 9,9 L kg-1 nos solos RQo e NVef, respectivamente). Paralelamente, a taxa de biodegradação (t 1/2 = 16 e 36 dias nos solos NVef e RQo, respectivamente) e a formação de resíduos ligados de 14 C-ametrina ao solo (59 e 38 % da quantidade aplicada nos solos NVef e RQo, respectivamente) foram muito maiores no solo NVef, mostrando sua maior taxa de dissipação. Houve também a formação de um metabólito de importância ambiental, o qual correspondeu a 19 e 26 % da quantidade aplicada após 70 dias da aplicação nos solos RQo e NVef, respectivamente. O DNA total foi extraído dos solos, com posterior uso da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase associada à Eletroforese em Gel com Gradiente Desnaturante (PCR-DGGE). A aplicação da ametrina alterou a estrutura da comunidade microbiana em ambos os solos, sendo essa alteração mais evidente no solo NVef, principalmente nos períodos inicias da incubação. Os dados de seqüenciamento evidenciaram o predomínio dos seguintes filos: Proteobacteria, Acidobacteria, Actinobacteria e Bacteroidetes. Houve seleção de alguns filos no solo NVef mesmo com apenas 7 dias de incubação da ametrina; entretanto, não houve redução no número de filos no solo RQo. Isto permitiu concluir que a diversidade da população microbiana pode variar com a aplicação do herbicida ametrina, mas isto dependerá principalmente do tipo de solo.

Efeito dos herbicidas ametrina e clomazone no sitema antioxidante bacteriano

“…No Brasil, um estudo desenvolvido pela SUREHMA (Superintendência dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente) no estado do Paraná, no período de 1974 a 1976, constatou que 84%, de um total de 1825 amostras de águas colhidas nos rios apresentaram resíduos de pesticidas e que 78% destas amostras encontravam-se contaminadas mesmo depois dos tratamentos convencionais de águas (CHAVES, 2007). Monitoramentos realizados durante três anos (2000)(2001)(2002)(2003) em dois rios brasileiros (Vacacaí e Vacacaí-mirim) no Estado do Rio Grande do Sul detectaram a presença dos herbicidas clomazone, em maior concentração, quinclorac e propanil (MARCHESAN et al, 2007).…”

“…Outro fato referente a ação desses xenobióticos é a destruição de predadores benéficos de pragas, aumentando assim a virulência de várias espécies de pragas agrícolas (WILSON; TISDELL, 2001), bem como podem alterar a microbiota dos solos (CHAVES, 2007).…”

“…Segundo Kozdrój et al (2001) a complexidade genética de comunidades bacterianas pode diminuir em aproximadamente 60% em solos contaminados e até cerca de 90% em solos altamente contaminados. Atlas et al (1991) relataram a redução na diversidade genética de comunidades bacterianas em solos expostos ao herbicida 2,4,5-T; mudanças significativas nas comunidades bacterianas também foram encontradas na presença dos herbicidas metsulfuron-metil (GIRVAN et al, 2004), atrazina (ROS et al, 2006, ametrina (CHAVES, 2007), glufosinato de amônio (PAMPULHA; FERREIRA ;…”

“…Diante deste contexto, os riscos de desaparecimento e/ou deslocamento de microrganismos dentro de seus nichos, assim como a influência nas reações bioquímicas nos solos devem ser considerados, pois eles sustentam processos básicos como os ciclos biogeoquímicos, cadeia alimentar (CHAVES, 2007), formação e estrutura dos solos (LUPWAYI et al, 2001), supressão de patógenos (JANVIER et al, 2007), reciclagem de nutrientes em plantas (LUPWAYI et al, 2006) e a degradação de pesticidas e de outros poluentes (ERMAKOVA et al, 2010;ZHANG, H. et al, 2010;ONNEBY;JONSSON;STENSTROM, 2010).…”