Como os algoritmos do YouTube calculam valor?

Abstract

Neste artigo, analisa-se a técnica aplicada à produção de valores monetários para vídeos de música hospedados no YouTube à luz da teoria da lógica social de derivativo. Partindo do imbróglio sobre transferência de valor (value gap), a hipótese do trabalho é que o método utilizado para a criação de valor para vídeos digitais toma emprestadas técnicas desenvolvidas no mercado de derivativo. Esse fenômeno resulta na geração de valores monetários variáveis, o que acarreta, por seu turno, graves consequências para a organização social do mercado fonográfico na era digital.

Library music as a matter of time

“…In other words, if library composers feel considerable pressure to attract videographers browsing libraries in a rush, the same difficulty is keenly felt by videographers themselves, who are only too aware of the need to keep the attention of viewers who jump from video to video. Not only do they compete in a saturated online medium, the algorithm of the platforms where they upload their content, such as YouTube, emerges once again as a decisive factor in the temporal pressures they experience: among other aspects, the algorithm takes into account the amount of time that viewers spend on a video, which will then influence which videos are recommended (De Marchi, 2018). Youtubers are thus encouraged to use the platform's analytic tools to closely monitor the time spent by viewers on videos (so-called ‘audience retention’).…”

Televisão e plataformas: um estudo de caso sobre dataficação nos serviços SVoD Netflix e Amazon Prime Video

“…Eles estão presentes nos mecanismos de pesquisa da Google (Andersen, 2018), no cálculo das tendências em sites de redes sociais (Gillespie, 2014) e na monetização de vídeos do YouTube (De Marchi, 2018), por exemplo. Mas, embora haja uma celebração dos algoritmos como avanços tecnológicos automatizados marcados pela impessoalidade (De Marchi, 2018), o que acaba sendo deixado de lado é o fato de que grande parcela do trabalho é feita por humanos (Birhane, 2020). Van Dijck (2014) comenta que a vasta quantidade de dados não é suficiente para gerar conhecimento: para além da coleta, é necessário também uma boa dose de "interpretação e intervenção" (p. 201, tradução nossa) humana para destacar quais informações são relevantes.…”

Desintermediação, especulação ou financeirização? Usos e discursos sobre NFT no mercado da música

“…Quando um conjunto heterogêneo de tecnologias se conjugou -o arquivo de áudio MP3, os reprodutores de arquivos digitais em computador, como o Winamp, e os programas de compartilhamento de arquivos entre pares (peer to peer ou P2P) -abriu-se um canal imediato de escoamento para toda a produção retida, gerando uma força disjuntiva incontrolável pela indústria fonográfica (DE MARCHI, 2016;HERS-CHMANN, 2010;WITT, 2015).…”

“…(GATES, 1995, p. 202) Com a consolidação dos serviços de streaming como principal atividade comercial da indústria fonográfica, porém, toda uma nova camada de intermediários se estabeleceu no mercado de música digital. Essa nova estrutura de mercado tem gerado controvérsias e insatisfação entre os artistas, uma vez que eles consideram que os valores que recebem dos serviços de streaming pela distribuição de suas obras está muito aquém do que necessitam para viabilizar suas carreiras (DE MARCHI, 2018).…”