Abstract:ResumoEste artigo discute as ferramentas bibliográficas e etnográficas utilizadas por Charles-Marie de la Condamine (1701Condamine ( -1774
AbstractThis paper explores the bibliographical and ethnographic tools used by CharlesMarie de La Condamine (1701-1774) to represent the Amazon River to the European reading public in the mid-eighteenth century. By carefully analyzing La Condamine's descriptions of native populations and the sources upon which he relied as he descended the river, the author emphasizes the… Show more
“…Cabe então apontar um trabalho sólido que, ainda assim, parece julgar moral e eticamente La Condamine, de certa forma, imprimindo nossos valores, como uma moldura, ao relato do cientista. O artigo de Neil Safier (2009), "How cunning was my little Frenchman: Charles-Marie de La Condamine and the eighteenth--century Amazon", traduzido para o português por Manuel Amaral Bueno, "Como era ardiloso o meu francês: Charles-Marie de La Condamine e a Amazônia das Luzes", apresenta uma discussão já no seu título. Deve certamente fazer referência ao filme brasileiro "Como era gostoso o meu francês", de 1971, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, apesar de não ser mencionado no artigo.…”
Section: A Leitura De Narrativas Do Passadounclassified
“…Portanto, é preciso apreender a complexidade desses relatos, sem apartar os preconceitos de La Condamine a respeito dos povos indígenas que, por sinal, não deveriam nos surpreender, assim como não surpreende um autor do século XIX ser misógino. Todo um estudo do contexto e um conhecimento mais aprofundado dessas viagens permitiria adensar a análise realizada por Safier (2009). Para além disso, não existe uma visão homogênea europeia sobre os indígenas.…”
Section: A Leitura De Narrativas Do Passadounclassified
“…Se Neil Safier (2009) realiza um estudo sério das possíveis fontes de La Condamine e dos limites da ciência da época, seu artigo poderia ganhar em riqueza ao evitar um julgamento baseado sobretudo em nossos valores e pautas. Um estudo do contexto e um conhecimento mais aprofundado dessas viagens permitiria acrescentar sentidos à sua análise, para melhor dialogar com uma alteridade: o passado.…”
O presente trabalho consiste na retradução comentada de alguns trechos da obra de Charles-Marie de La Condamine (1745), Relation abrégée d'un voyage fait dans l'intérieur de l'Amérique méridionale. Depuis la côte de la mer du Sud, jusqu'aux côtes du Brésil & de la Guiane, en descendant la riviere des Amazones, relato lido em assembleia pública da Academia de Ciências no dia 28 de abril de 1745 e publicado no mesmo ano pela editora Libraire la Veuve Pissot em Paris. Paralelamente, coloca a questão de como ler um relato do passado e os motivos que levam a retraduzir uma narrativa atravessada por preconceitos sobre os povos originários. Assim, pretendo inicialmente fazer uma reflexão sobre a noção de anacronismo (Loraux, 1992), para, em seguida, refletir sobre o conceito de retradução (Faleiros & Mattos, 2017). Finalmente, discutirei algumas soluções de minha tradução confrontando-a à realizada pela editora do Senado Federal, intitulada Viagem na América Meridional descendo o rio das Amazonas (La Condamine, 2000), publicada em 2000 na coleção “O Brasil visto por estrangeiros”, sem indicação de tradutor.
“…Cabe então apontar um trabalho sólido que, ainda assim, parece julgar moral e eticamente La Condamine, de certa forma, imprimindo nossos valores, como uma moldura, ao relato do cientista. O artigo de Neil Safier (2009), "How cunning was my little Frenchman: Charles-Marie de La Condamine and the eighteenth--century Amazon", traduzido para o português por Manuel Amaral Bueno, "Como era ardiloso o meu francês: Charles-Marie de La Condamine e a Amazônia das Luzes", apresenta uma discussão já no seu título. Deve certamente fazer referência ao filme brasileiro "Como era gostoso o meu francês", de 1971, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, apesar de não ser mencionado no artigo.…”
Section: A Leitura De Narrativas Do Passadounclassified
“…Portanto, é preciso apreender a complexidade desses relatos, sem apartar os preconceitos de La Condamine a respeito dos povos indígenas que, por sinal, não deveriam nos surpreender, assim como não surpreende um autor do século XIX ser misógino. Todo um estudo do contexto e um conhecimento mais aprofundado dessas viagens permitiria adensar a análise realizada por Safier (2009). Para além disso, não existe uma visão homogênea europeia sobre os indígenas.…”
Section: A Leitura De Narrativas Do Passadounclassified
“…Se Neil Safier (2009) realiza um estudo sério das possíveis fontes de La Condamine e dos limites da ciência da época, seu artigo poderia ganhar em riqueza ao evitar um julgamento baseado sobretudo em nossos valores e pautas. Um estudo do contexto e um conhecimento mais aprofundado dessas viagens permitiria acrescentar sentidos à sua análise, para melhor dialogar com uma alteridade: o passado.…”
O presente trabalho consiste na retradução comentada de alguns trechos da obra de Charles-Marie de La Condamine (1745), Relation abrégée d'un voyage fait dans l'intérieur de l'Amérique méridionale. Depuis la côte de la mer du Sud, jusqu'aux côtes du Brésil & de la Guiane, en descendant la riviere des Amazones, relato lido em assembleia pública da Academia de Ciências no dia 28 de abril de 1745 e publicado no mesmo ano pela editora Libraire la Veuve Pissot em Paris. Paralelamente, coloca a questão de como ler um relato do passado e os motivos que levam a retraduzir uma narrativa atravessada por preconceitos sobre os povos originários. Assim, pretendo inicialmente fazer uma reflexão sobre a noção de anacronismo (Loraux, 1992), para, em seguida, refletir sobre o conceito de retradução (Faleiros & Mattos, 2017). Finalmente, discutirei algumas soluções de minha tradução confrontando-a à realizada pela editora do Senado Federal, intitulada Viagem na América Meridional descendo o rio das Amazonas (La Condamine, 2000), publicada em 2000 na coleção “O Brasil visto por estrangeiros”, sem indicação de tradutor.
“…Feitos seus cálculos em Quito, La Condamine decidiu retornar com sua expedição pelo rio das Amazonas, coletando, para melhor poder se orientar, todos os documentos que encontrou sobre a região. La Condamine se correspondeu com Don Josef Pardo de Figueroa Acuña, sobrinho-neto do anteriormente citado Cristóbal Acuña e que ocupava o posto de marquês de Valleumbroso em Quito(SAFIER, 2009). Don Josef forneceu documentos, entre os quais a relación de Cristóbal Acuña, as descrições dos jesuítas Jean Magnin e de Samuel Fritz, e complementou "Já terá visto que estranhas são nestes países as ciências matemáticas[...]…”
Direitos para esta edição cedidos à Atena Editora pelos autores. Open access publication by Atena Editora Todo o conteúdo deste livro está licenciado sob uma Licença de Atribuição Creative Commons. Atribuição-Não-Comercial-NãoDerivativos 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0). O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores, inclusive não representam necessariamente a posição oficial da Atena Editora. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.Todos os manuscritos foram previamente submetidos à avaliação cega pelos pares, membros do Conselho Editorial desta Editora, tendo sido aprovados para a publicação com base em critérios de neutralidade e imparcialidade acadêmica.A Atena Editora é comprometida em garantir a integridade editorial em todas as etapas do processo de publicação, evitando plágio, dados ou resultados fraudulentos e impedindo que interesses financeiros comprometam os padrões éticos da publicação. Situações suspeitas de má conduta científica serão investigadas sob o mais alto padrão de rigor acadêmico e ético.
“…16 In his return voyage to Europe, the French scholar descended the Amazon River, intending to be responsible for the most perfect understanding of the route of the river made until then. 17 On his arrival, he published a report of his achievements and in 1744 D'Anville draw a map of the river to accompany this publication entitled Carte du cours du Maragnon ou de la grande riviere des Amazonas (Figure 3), 18 according to the observations made by La Condamine. In French the verbs lever and dresser made a distinction between surveying the land and drawing the map, a division of tasks very common to desk based cartography at that time.…”
O artigo analisa do ponto de vista da cartografia comparada alguns mapas da região amazônica, de meados do século XVIII, tendo como eixo a Carte de l'Amérique Méridionale, de 1748, de autoria de Bourguignon D'Anville, cartógrafo francês que trabalhou com o embaixador português dom Luís da Cunha, visando a produção de um mapa que servisse de base para as negociações do Tratado de Madri. O documento é cotejado com um mapa atual, com o mapa resultante da expedição de La Condamine (1744, desenhado por D'Anville), e com o chamado Mapa das Cortes (Lisboa, 1749), produzido sob os auspícios de Alexandre de Gusmão, o documento efetivamente utilizado para subsidiar as negociações desse Tratado de 1750 que efetuou a partilha da América setentrional. Conjuga-se uma análise da política diplomática europeia com um rastreamento das fontes cartográficas, confirmado pela cartografia digital.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.