Comida à mesa: afeto, memória e história saborizada de idosas descendentes de italianos

Abstract

Objetivo: identificar e registrar os simbolismos e práticas alimentares de idosas descendentes de italianos em um município do Rio Grande do Sul. A comida, além de suprir a necessidade fisiológica do organismo, é um fator de identidade e cultura que inclui sabores, afetos e rituais que estabelecem relação entre o indivíduo e a sociedade. As cozinhas nacionais e internacionais resultam da miscigenação de culturas e hábitos que carregam cargas históricas permanentes na memória individual e coletiva. Materiais e métodos: Estudo com pesquisa descritiva e abordagem qualitativa. Participaram dez mulheres, maiores de 60 anos, descendentes de italianos, não institucionalizadas, sem diagnóstico de alteração cognitiva. A seleção destas mulheres ocorreu de forma aleatória. A escolha por entrevistar apenas as mulheres aplica-se ao fato de estas, ainda na sua geração, serem as principais responsáveis pelo cuidado com a alimentação da família e quanto ao número de 10 entrevistadas, deve-se ao número atingido na saturação das falas, seguindo a regra de exaustividade e de representatividade. Resultados e discussão: A comida típica e os hábitos culturais relacionados a cozinha remetem a lembrança de momentos e pessoas que participaram da vida destas idosas. Considerações finais: Refletimos a relação entre a identidade étnica, culinária e memória, desde a infância até os dias atuais das participantes, envolvendo hábitos alimentares culturais, familiares, festivos e memórias da imigração italiana na primeira metade do século XX.

Relação da comida afetiva no padrão alimentar adulto

“…Diversos processos são realizados para se preparar uma refeição, desde da colheita ou compra até a conservação, esse tempo é de suma importância pois o indivíduo tem a capacidade de conhecer os alimentos, novos aromas e combinações que ultrapassam o espaço físico e constrói novas memórias aumentando a habilidade culinária que é recomendada pelo Ministério da saúde (Cruz, 2019).…”

Narrativas alimentares

“…No que tange à alimentação, a memória está relacionada às escolhas, às preferências e à conexão do indivíduo com a comida [9] . Falar sobre alimentação no contexto do envelhecimento possibilita ao indivíduo rememorar sentimentos, mágoas e lembranças que compõem a sua identidade [10] . Ademais, a alimentação representa a história cultural dos povos e se intercala entre diferentes fatores afetivos, o que pode ser observado quando se considera o contexto social mais amplo e também os mais específicos, referentes à família [11] .…”

Memória e afetividade: construção colaborativa de um mapa gastronômico de Brasília - DF

“…A gastronomia, consagrada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade, abrange para além dos alimentos em seus preparos. Também está repleta de significados, valores simbólicos e tradições, ao remeter às memórias e ao afeto, o que realiza por meio da utilização dos sentidos humanos nas escolhas alimentares diárias (BARROCO et al, 2008).Além disso, carrega a história e os costumes de uma determinada cultura, ao permanecer na lembrança de forma individual e coletiva(CRUZ et al 2019).Atualmente, a gastronomia desponta como um aspecto envolvido na cadeia do turismo que gera grande fluxo econômico(BRASIL, 2022). É incontestável que a alimentação também faz parte da vivência do turismo visto a importância dela na composição cultural de um povo(RICHARDS, 1996) em virtude das necessidades biológicas dos indivíduos, assim como da vontade de experienciar culturas gastronômicas novas.…”