Considerando que as fronteiras definidas pelos Estados condicionam o movimento das populações, as quais respondem de diferentes maneiras aos efeitos desses limites, este artigo objetiva analisar a mobilidade dos agentes envolvidos em atividades vinculadas à garimpagem de ouro na ocupação, povoamento e definição do limite franco-brasileiro, precipuamente daqueles agentes que tiveram as comunidades localizadas no rio Oiapoque como apoio logístico. Baseando-se no método materialismo histórico e dialético, observou-se que esses agentes, com suas atividades e suas práticas espaciais, foram e são centrais na ocupação, povoamento e urbanização na fronteira franco-brasileira, em especial na cidade de Oiapoque, que ainda hoje apresenta dinâmicas socioeconômicas decorrentes da garimpagem informal aurífera na área de contato entre Brasil e Guiana Francesa. Essa constatação ratifica a necessidade de se reconhecer a diversidade que configura os processos de mobilidade humana e de urbanização na região que, em muito, decorrem de processos extra-locais, em especial nas cidades fronteiriças.