A carreira de investigador em perspetiva histórica -O caso português*Neste artigo procura-se tratar o estatuto dos investigadores sob uma perspetiva histórica. Adota-se uma narrativa com que se procura resgatar a história dos investigadores em Portugal, sendo esta desde a sua origem vincada por uma forte vertente académica e dependente das oscilações do fluxo de financiamento para a Ciência e Tecnologia em Portugal. Dá-se assim a compreender a herança de um sistema científico que foi sendo constituído ao sabor das circunstâncias, muitas vezes atrelado a uma institucionalidade conservadora -incluindo tanto as universidades portuguesas como os laboratórios do Estado -favorecendo um abismo que vem mantendo os investigadores distantes tanto da sociedade civil como do meio empresarial, num panorama que acarreta perdas para todas as partes e, sobretudo, para o país como um todo.Palavras-chave: carreira de investigação científica; história do sistema científico; política científica; Portugal.
IntroduçãoA atual "Lei da Ciência" portuguesa 1 entende como "Investigadores" todos os "profissionais que trabalham na conceção ou na criação de novos conhecimentos". É hoje incontornável a ligação entre investigadores e instituições de ensino superior em Portugal. Antes de mais, porque é na Universidade que os investigadores fazem os seus estudos graduados de 1.º e 2.º ciclos e, mais tarde, o doutoramento, condição determinante para o ingresso numa carreira na investigação. Segundo, devido à prolongada permanência dos investigadores nestas instituições de ensino superior, frequentemente ligados às unidades de investigação (UI). Historicamente, aliás, a investigação vem sendo assumida, com maior ou menor entusiasmo e/ou consciência, pelas * Trabalho desenvolvido a partir das atividades da Pós-