Cicloturismo em unidades de conservação: o Caso de Sucesso Rota da Baleia Franca

Abstract

As belezas naturais de uma Área de Proteção Ambiental como a APA da Baleia Franca no litoral sul de Santa Catarina – berçário natural desses mamíferos – são ao mesmo tempo a principal atração turística e o recurso mais impactado pelo turismo rápido, ostensivo e predatório. O turismo de bicicleta (cicloturismo), com seu ritmo mais lento e contemplativo, surge como uma alternativa de atividade turística em unidades de conservação. Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa em forma de estudo de caso do Programa de Cicloturismo Rota da Baleia Franca, uma iniciativa pioneira no Brasil com 13 anos de operação em uma das principais áreas de proteção ambiental da costa brasileira. Foram realizadas entrevistas em profundidade com representantes de todos os grupos de stakeholders, um grupo focal de pesquisa com cicloturistas participantes do Programa, registros da observação participante e coleta de dados secundários de diversas fontes. Os resultados indicam que o Programa de Cicloturismo contribui para o alcance dos objetivos estratégicos do Plano de Manejo da APA da Baleia Franca por promover a valorização do patrimônio ambiental e cultural do território e a interação do cicloturista com a natureza e a comunidade local de forma sustentável. Este artigo discute as contribuições do Programa de Cicloturismo Rota da Baleia Franca para o território e os desafios envolvidos na sua implantação e operação fornecendo insights para o desenvolvimento desta atividade turística em outras unidades de conservação de uso sustentável.

Environmental interpretation in ecotourism routes in Carajás National Forest – PA, Brazil

“…Assim sendo, as práticas ecoturísticas em UCs não devem ser vistas apenas como pontos de visitação ou meras passeios em áreas naturais. Se desenvolvidas com base nas propostas de diretrizes e conceitos já consolidados (Leung et al, 2019), permitem a adoção de ações de sensibilização ambiental e envolvimento dos visitantes, com experiências que promovam trocas entre os participantes e aprendizado (Bosquetti, 2022;Carvalho, et al 2022;Aldecoa-Leon, Acosta, Wong-Gonzalez & Valdez, 2023) Entretanto, algumas atividades ecoturísticas podem produzir impactos negativos nas UCs. Por isso, para desenvolver o turismo sustentável em áreas protegidas, é desejável que as dimensões da sustentabilidade (econômica, sociocultural, ambiental e político-institucional) sejam influenciadas pelas atividades turísticas de forma positiva, evitando mais pressão sobre elas (Leung et al, 2019).…”