2005
DOI: 10.1590/s0034-77012005000200008
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Chimpanzés não amam! Em defesa do significado

Abstract: RESUMO: O texto é uma reflexão crítica sobre o artigo "Chimpanzés também amam: a linguagem das emoções na ordem dos primatas" de Eunice R. Durham. Trata-se de uma rara oportunidade para discutir as contribuições recentes da ecologia evolutiva humana, etologia, neurobiologia, primatologia, psicologia evolutiva e sociobiologia, da ótica da produção de significados diante das questões postas sobre as emoções em grandes símios. O recorte proposto contempla uma ampla gama de questões: da problematização das represe… Show more

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“…Os comportamentos complexos e variáveis já registrados entre chimpanzés e outros primatas não humanos são certamente expressões de sua grande complexidade social e de suas extensas capacidades cognitivas (Rapchan, 2005(Rapchan, , 2010(Rapchan, , 2012Neves, 2005). Mas, nem por isso, são culturais.…”
Section: O Debate Sobre As "Culturas" De Chimpanzésunclassified
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“…Os comportamentos complexos e variáveis já registrados entre chimpanzés e outros primatas não humanos são certamente expressões de sua grande complexidade social e de suas extensas capacidades cognitivas (Rapchan, 2005(Rapchan, , 2010(Rapchan, , 2012Neves, 2005). Mas, nem por isso, são culturais.…”
Section: O Debate Sobre As "Culturas" De Chimpanzésunclassified
“…Assim, e assumindo a perspectiva segundo a qual, até o momento, as pesquisas já produzidas sobre o tema (Boesch, 1991;Biro;Matsuzawa, 2001;Crockford et al, 2004;King, 2004;Luncz;Witting;Boesch, 2015) não apresentaram resultados que tenham demonstrado expressões consistentes de capacidade simbólica em chimpanzés (Call;Tomasello, 2008), dado inclusive que a capacidade simbólica humana apresenta-se como um fenômeno total (Mauss, 2015) pois infl uenciou todos os domínios da mente e da vida social (Klein, 2009;Mithen, 2002;Rapchan, 2005;Neves, 2005) e, provavelmente, não se manifestará de outro modo, caso apareça em outra espécie, defendemos que não há resultados de pesquisas sobre primatas ou qualquer outro ser não humano capaz de expressar-se simbolicamente. Contudo, simultaneamente, não se pode descartar a recorrência dessa atitude incorrigivelmente humana, particularmente em situações de empatia profunda e contato intenso de pesquisa, inclusive quando se trata do pesquisador registrando a contrapartida "afetiva" do animal com o qual se relaciona intensamente e que resulta na projeção das habilidades humanas sobre comportamento de não humanos quando se verifi ca alguma semelhança entre eles.…”
Section: Considerações Finaisunclassified
“…A primatologia dedicada ao estudo do comportamento promoveu, nas últimas seis décadas, uma profunda revolução no conhecimento sobre primatas não humanos ao publicar dados até então desconhecidos (De Waal, 2000Ingold, 1995;Goodall, 1991;Rapchan, , 2012Neves, 2005Neves, , 2014Whiten et al, 1999;Wrangham et al, 2001;Tomasello, 1999a). Este artigo pretende, num sentido teórico-epistemológico amplo, promover uma reflexão crítica acerca do conteúdo e das consequências dos resultados desses estudos sobre a definição de humano ao analisar a correlação entre as definições de cultura de chimpanzés adotadas pelos primatólogos e apresentadas em artigos publicados em periódicos internacionais, de grande impacto na comunidade acadêmica, a partir de 1999, e as concepções antropológicas de cultura.…”
Section: Cultura Em Versão Primatológicaunclassified
“…Os paleoantropólogos, por exemplo, consideram a validade das pesquisas sobre comportamento de grandes símios selvagens como modelos vivos dos nossos antepassados, o que remete às iniciativas consistentes de Louis Leakey (Goodall, 1991) (Diamond, 1992) ou Cultural (Harari, 2015;Klein, 2009;Mithen, 1996;Neves, 2005). Ou seja, ou a cultura é um fenômeno que surgiu apenas no Paleolítico Superior (Ingold, 1996;Klein, 2009;Mithen, 1996) ou ela é um fenômeno verificável entre os hominídeos pré Sapiens e, provavelmente, entre outras espécies e, daí, o alcance dos modelos pode ser maior ou menor.…”
Section: Cultura Em Versão Primatológicaunclassified
“…A outra sinaliza a construção de uma dupla alteridade que se expressou tanto em relação às populações humanas quanto em relação a outras espécies. Nesse contexto, foram classificados tanto os humanos que, por bem ou por mal, entraram em contato com europeus e foram sendo dolorosamente integrados, nos últimos 500 anos, à concepções mais universalistas de humanidade; quanto os representantes dos primatas não-humanos e de outras espécies que foram sendo aproximados dos humanos em relação a atributos como sociabilidade, inteligência, pertencimento à condição de pessoa e capacidade de produzir cultura como características reconhecidamente comparáveis às humanas (Asquith, 2011;Ingold, 1994;Rapchan, 2005Rapchan, , 2010Rapchan & Neves, 2005;Stanford, 2001). …”
Section: Humanos E Não-humanos: Relações Múltiplasunclassified