Crianças e adolescentes podem fornecer informações importantes para a melhoria dos serviços de saúde, por exemplo, no que se refere à comunicação com a equipe de enfermagem e à qualidade da assistência recebida durante a hospitalização. Podem, ainda, dizer a respeito de sua relação com a equipe multidisciplinar, em particular com os enfermeiros, pois identificam o que os torna bons profissionais. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo compreender as perspectivas de crianças e adolescentes hospitalizados sobre o que significa ser um bom enfermeiro. Considerando o objeto e objetivo do estudo, optamos por adotar o referencial da Grounded Theory ou Teoria Fundamentada nos Dados. O estudo, desenvolvido na unidade de pediatria de um hospital universitário do estado de São Paulo, teve a participação de 17 crianças e adolescentes, com idades entre 5 e 17 anos. Os dados foram coletados por meio de entrevista intermediada por estratégias lúdicas de comunicação, complementada por informações clínicas dos prontuários. A análise dos dados seguiu as recomendações da Teoria Fundamentada nos Dados e permitiu a elaboração de três categorias temáticas: enfermeiro ou enfermeira: as questões de gênero no trabalho da enfermagem; a comunicação como instrumento de trabalho do enfermeiro no cuidado a crianças e adolescentes hospitalizados e competências do enfermeiro diante da realização de procedimentos dolorosos na assistência a crianças e adolescentes hospitalizados. As questões de gênero no trabalho da enfermagem foram observadas quando os participantes, embora tenham mencionado a presença ainda discreta de homens na profissão, reconheceram que todos eram enfermeiros e que, desde que realizassem o cuidado corretamente, não deveria haver distinção. A comunicação desses profissionais foi considerada essencial durante a hospitalização e um importante atributo para o bom enfermeiro, sendo esta uma estratégia capaz de tornar o ambiente hospitalar mais acolhedor, amenizando o sofrimento provocado pelo período de hospitalização. As competências do enfermeiro diante da realização de procedimentos dolorosos também foram apontadas como atributo de um bom profissional. Os participantes destacaram a punção venosa como fonte de desconforto e dor, os quais poderiam ser amenizados mediante aprimoramento profissional, paciência, interação do enfermeiro com o paciente durante a realização deste procedimentos e tempo de experiência prática. Os resultados deste estudo preenchem uma lacuna na literatura brasileira sobre a temática, pois evidenciam implicações para a prática do enfermeiro e contribuem para a compreensão das experiências de crianças e adolescentes hospitalizados sobre a qualidade dos cuidados de saúde e o processo de hospitalização. Destaca, ainda, que crianças e adolescentes demonstram entendimento acerca dos cuidados realizados, sendo capazes de apontar o que esperam de um bom enfermeiro e de expressar suas perspectivas. Palavras-chave: Criança hospitalizada. Enfermeiros. Gênero. Comunicação. Competência profissional.