Cavernas funerárias artificiais de índios hoje extintos no sul da Guiana e a cerâmica ali encontrada

Abstract

A primeira é um artigo de divulgação científica sobre a descoberta da cerâmica Cunani, ocorrida em 1895, no norte do Amapá, Brasil. A segunda expõe os achados arqueológicos do Museu Paraense na foz do Amazonas, área identificada como prioritária para pesquisas do gênero, incluindo as cerâmicas encontradas em Maracá (AP) e na ilha de Marajó (PA), e as estatuetas líticas originárias do Baixo Amazonas. A terceira descreve o uso dos machados de pedra pelos índios Baikiri. As três contribuições comprovam o interesse de Goeldi pelo estudo da cultura material e pela compilação de dados que permitissem um melhor arranjo dos troncos etnolinguísticos indígenas, fazendo a junção, de maneira bastante habilidosa, dos recursos intelectuais proporcionados, na época, pela etnologia, pela arqueologia e pela linguística.

Etnografando a arqueologia: dado etnográfico, prática etnográfica e conhecimento arqueológico

“…É preciso dizer que algumas das analogias propostas por Barbosa Rodrigues buscavam corroborar as suas hipóteses migracionistas, de uma origem mediterrânica e asiática para as populações indígenas e, assim, ele também comparou cerâmicas da necrópole Miracanguera com cerâmicas nórdicas e chineses, os machados e sambaquis amazônicos com os dinamarqueses e afirmou que os muiraquitãs tinham uma origem asiática. sível origem comum (ferreira, 2009GOeldi, [1900GOeldi, [ ] 2009aGOeldi, [ , [1906 2009b, Sanjad, 2009).…”

O aparato das coisas

“…No entanto, esses vestígios faziam parte da vida dessas pessoas e corporificavam um mundo de muitos aspectos, uma vez que significavam um universo além do descrito pela ciência daquele momento. Dessa maneira, verifica-se que a comunidade dessa região ou somente as pessoas que Goeldi havia interrogado possuíam uma relação "misteriosa" e até mesmo espiritual com esses "objetos", situação que o pesquisador classificou como fruto de um pensamento ingênuo (Goeldi, 1900i).…”

“…Essas consistiam em um registro para a comprovação de que os moradores dessa região eram brasileiros, contrariando assim o que afirmavam os franceses que disputavam o domínio daquelas vilas. Para além desses aspectos, essas imagens também carregam a possibilidade de interpretação sobre a relação do naturalista com as pessoas que identificaram o "rico material arqueológico" (Goeldi, 1900i).…”

Uma história de longa duração na Terra Indígena Uaçá: arqueologia, paisagem e memória na costa atlântica do Amapá.

“…Conforme poderá ser observado no Capítulo 2 da presente tese, vemos numerosas menções da possível relação de descendência -mínimo de descontinuidade -entre os atuais Palikur, falantes Arawak, com os povos produtores das cerâmicas filiadas à fase arqueológica Aristé (GOELDI, 1905;NIMUENDAJÚ, 2004;LINNÉ, 1928;HILBERT, 1957;ROSTAIN, 1994ROSTAIN, , 2011GREEN, GREEN & NEVES, 2003; VAN DEN BEL, 2009a, 2009b. (ROSTAIN, 1994(ROSTAIN, , 2011COUTET, 2009E SALDANHA & CABRAL, 2010, 2014.…”

“…Além destas urnas, o autor sugere que entre a foz do rio Cunani e a vila homônima, podem ser encontrados "vestígios de quatro ou cinco acampamentos antigos, com cemitérios" (COUDREAU, 1887: XXI). Em expedição ao Igarapé do Holanda, tributário do rio Cunani, Goeldi (1905) descobre sobre o Monte Curú um bloco de granito que se encontrava fincado no solo em posição inclinada, marcando o meio de dois grandes discos de granito que cobriam dois poços artificiais com câmara lateral em forma de bota e contendo cerâmicas funerárias ricamente decoradas em seu interior. Além deste sítio, também foram encontrados vestígios arqueológicos na vila do Amapá, a qual foi interpretada como sendo "um aterro sepulcral, um teso artificial" (GOELDI, 1905: 8).…”