Quintais agroflorestais estão presentes em diversas comunidades extrativistas brasileiras, sendo responsáveis pela subsistência em muitas delas. Dentre outras funções que podem ser atribuídas aos quintais agroecológicos está a capacidade de preservação genética das culturas domésticas, o que inclui espécies nativas de biomas sob forte pressão antrópica, como o Cerrado. Dentre estas espécies, há o cumbaru Dipteryx alata Vog., que constitui uma importante fonte de renda para as populações extrativistas. Dessa forma, o presente estudo foi desenvolvido no Assentamento Andalucia, Município de Nioaque, importante polo do extrativismo de cumbaru no Cerrado de Mato Grosso do Sul. O objetivo foi avaliar a biodiversidade dos quintais agroflorestais e o papel da expressão de D. alata nestes espaços. Para isso, foram testadas as hipóteses: (I) a biodiversidade dos quintais agroflorestais é direcionada pelo perfil dos mantenedores; (II) e pela expressividade da cultura de D. alata. Os dados referentes aos mantenedores dos quintais, sobre a expressão de D. alata e a diversidade de espécies presentes foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e turnês-guiadas. Os resultados das análises estatísticas mostraram uma relação de significância entre o perfil dos mantenedores e a biodiversidade dos quintais agroflorestais. A abundância de D. alata nos quintais, por sua vez, não apresentou efeito significativo algum. Conclui-se, portanto, que mantenedores com mais anos de atividade, e que dedicam mais horas semanais, no quintal tendem a desenvolver quintais menos biodiversos. Em relação à abundância de cumbaru nos quintais, por sua vez, os resultados parecem ser inconclusivos, mostrando possivelmente a necessidade de estudos mais aprofundados.