“…Desta forma, é difícil identificar, dentre as vítimas, quais as reais taxas de homicídios de mulheres indígenas e as ascendentes dos povos originários.Analisar o contexto da violência contra as mulheres no país, acompanhado pelas legislações que seguramente avançaram na garantia da proteção à vida dessa população, nos coloca diante da reflexão apresentada pela antropóloga argentina Rita Laura Segato (2012), ao se referir à Lei nº 11 340, popularmente conhecida como Lei Maria da Penha, em vigência desde 22 de setembro de 2006, que aumenta o rigor nas punições de agressões contra mulheres ocorridas no âmbito domésticos ou familiar:[...] oAs hierarquizações de gênero, produzidas e mantidas pela estrutura patriarcal, estão na base de sustentação da sociedade moderna/colonial, pois, no capitalismo, gênero e raça sustentam classe e tem implicações diretas no elemento idade. As evidências da organização e consolidação do sistema colonial e sua relação com as hierarquizações de gênero podem ser observadas na violência contra as mulheres na região amazônica, que ocorre desde a invasão portuguesa e estão presentes nos registros que ilustram a forma como os colonizadores descreviam e tratavam as mulheres que aqui já habitavam, e como as utilizaram para explorar e se apossar das terras (TORRES;SANTOS, 2005). Assim, o enfrentamento das mulheres às contínuas, variadas e perversas faces da violência, presentes no Brasil de hoje, tem sido uma luta incessante ao longo da história do país, contra as imposições de um Estado colonizador.…”