Este artigo consiste em uma análise do longa-metragem Mobília em Casa - Móveis Coloniais de Acaju e a cidade (2014), produção autoral narrada em primeira pessoa pelo diretor José Eduardo Belmonte. O estudo busca, de modo geral, relacionar o documentário a representações de Brasília em distintos períodos, desde a construção até a maturidade da cidade. A narrativa, filmada em dez locações distintas do Distrito Federal, apresenta imagens que engendram representações a partir das quais busca-se aqui criar pontos de conexão para contemplar o objetivo desta análise. Com base em críticas já elaboradas sobre Brasília, pergunta-se: as imagens do longa-metragem contribuem para a cristalização ou desconstrução da visão clássica que, em geral, se tem desta cidade fora dela (do seu insucesso e de como sua forma e seus espaços não propiciariam a sociabilidade dos habitantes)? Para elaboração de possíveis respostas, o documentário será confrontado com tais teses por meio de uma revisão crítica da literatura. Como referência metodológica recorrer-se-á à Teoria Geral da Semiótica, de Charles Sanders Peirce, que auxiliará na leitura de tais representações e dos possíveis significados a elas associados.