Entre as diversas causas que podem desenca dear ou manter os diferentes graus de lesões inflamató rias observadas na hepatopatia esquistossomótica, se destacam: a obliteração de ramos do sistema porta intra-hepáticos por vermes e/ou ovos do S. mansoni 2, o aumento da labilidade das membranas dos diversos componentes do compartimento lisossômico das cé lulas hepáticas e n v o l v i d a s 2 4 e, finalmente, os efeitos de superóxidos e outros radicais livres decorrentes da lise de hemácias comprometidas com as lesões vascu lares obstrutivas19.Os esquistossômulos do Schistosoma mansoni vivem em íntimo contacto com células sangüíneas humanas, principalmente as hemácias, desde o tercei ro ou quarto dia após a infecção14. A superfície desses parasitas é coberta por duas membranas. A externa, rica em lisofosfatilcolina tem a capacidade de aderir a neutrófilos, eosinófilos, macrófagos e hemácias e lisar as membranas plasmáticas dessas células, com a conseqüente saída dos seus conteúdos citoplasmáti- cos, permanecendo suas membranas aderidas à super fície dos parasitas7. E a membrana interna, muito semelhante à membrana plasmática das demais célu las de mamíferos^.Rodrigues e Costa24 demonstraram que os diversos componentes do compartimento lisossômico isolados das células hepáticas de camundongos infec tados por 100 cercárias eram significantemente mais frágeis que os controles não infectados. A diminuição da estabilidade das membranas desses orgânulos favorece a saída de hidrolases ácidas, proteínas catiô-nicas e hidrolases neutras capazes de desencadear e/ou manter o processo inflamatório2^.Radicais livres, principalmente aqueles deri vados do oxigênio, como o superóxido (O-^), a hídro-xila(HO-) e o ânion hipoclorito (CIO~ ), são produzi dos durantê a reação inflamatória, especialmente pelos leucócitos polimorfonucleares e macrófagos^.Diante do exposto, resolvemos estudar, através do emprego de técnicas bioquímicas que avaliam as condições fisico-químicas das membranas lisossômi-cas, de microscopia eletrônica e de microanálises por espectrometria aos raios-X (sonda de elétrons), o envolvimento do compartimento lisossômico das cé lulas hepáticas com o metabolismo do ferro, relacio nando os achados experimentais que se observam na fase avançada da esquistossomose mansônica, em camundongos.
M ATERIAL E MÉTODOSCamundongos albinos, jovens, pesando em mé dia 18 gramas, de ambos os sexos, normalmente 77