Biocontrole de tombamento causado por Rhizoctonia solani em plântulas de feijão e soja com Clonostachys spp.

Abstract

Doenças causadas por fitopatógenos habitantes do solo são de difícil manejo, como é o caso de tombamentos causados por Rhizoctonia solani em culturas economicamente importantes no Brasil. A busca por tecnologias que possam contribuir com o manejo desta doença se torna de extrema importância e o biocontrole com microrganismos antagonistas é uma vertente a ser explorada. O objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes espécies do gênero Clonostachys no biocontrole de tombamentos por R. solani em plantas de feijão e soja. Foram realizados dois bioensaios: em casa de vegetação com plantas de feijão e soja e em campo comercial de soja com histórico de infestação natural por fitopatógenos habitantes do solo. No primeiro, foi avaliado o efeito de dez isolados de nove espécies de Clonostachys, aplicados via tratamento de sementes (TS) ou via solo (AS), sobre a percentagem de emergência das plântulas em solo artificialmente infestado com R. solani. A incidência desses isolados nas raízes, sem e com desinfestação superficial, também foi avaliada. No segundo bioensaio, tratamentos compostos por duplas de isolados de três espécies de Clonostachys foram aplicados no sulco do plantio, de maneira individual ou combinada com um biofertilizante comercial; e a percentagem de emergência de plântulas e produtividade de grãos foram avaliadas. Em casa de vegetação, a aplicação de Clonostachys spp. via AS resultou em melhores índices de porcentagens de emergência das plântulas do que via TS. Dentre os dez isolados aplicados no solo, seis foram eficientes no biocontrole de tombamento em pré-emergência causada por R. solani no feijão, e oito isolados na soja, resultando em valores de emergência entre 40 e 80%, em contraste com percentagens de emergência entre 0 e 15% no controle com solo infestado com o fitopatógeno. O efeito de biocontrole de três isolados foi contrastante entre soja e feijão, evidenciando o efeito do hospedeiro na interação. A rizocompetência da maioria dos isolados não se relacionou com o biocontrole exercido por eles. No campo, a incidência natural de tombamentos foi pequena, provavelmente em decorrência do clima seco e quente no norte do Paraná no segundo semestre de 2020. Dessa forma, o efeito da aplicação de Clonostachys spp. no biocontrole não pôde ser avaliado. Conclui-se que, além de C. rosea, outras espécies do gênero são antagonistas úteis para o biocontrole de doenças causadas por R. solani e que, para alguns isolados, a planta hospedeira parece influenciar diretamente o efeito de controle. Palavras-chave: Tombamento. Rizocompetência. Antagonismo.