Este estudo preliminar visa reportar os principais achados científicos brasileiros sobre as interseções entre bilinguismo e autismo com o fim de avaliar e popularizar o que se sabe quanto aos benefícios e os desafios que a condição bilíngue traz às crianças dentro do espectro autistas. Enquanto a literatura destaca as vantagens cognitivas dos indivíduos bilíngues, como apontado por Sebastián-Gallés e Kroll (2003); Bialystok, Craik e Luk (2012), o autismo apresenta desafios significativos na comunicação e interação, conforme destacado pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5° edição (DSM-5); Trelles e Castro (2019). O debate sobre o impacto do bilinguismo no desenvolvimento linguístico de crianças autistas é o foco deste estudo. Embora alguns estudos indiquem que há benefícios, como Davis, Fletcher-Watson e Digard (2021); Romero e Uddin (2021), outros indicam desafios específicos. Realizamos um levantamento abrangente de pesquisas no Brasil sobre o tema do bilinguismo em crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista. O objetivo é fornecer insights valiosos para a comunidade, profissionais de saúde e educação, e especialmente para famílias com crianças autistas bilíngues ou multilíngues. A análise preliminar revela que a alternância fluida entre os sistemas linguísticos propicia a flexibilidade cognitiva, ressaltando a importância do bilinguismo no aprimoramento do controle executivo e suas influências positivas nas funções cognitivas. No entanto, a complexidade na comunicação em língua não materna aumenta a propensão à timidez em crianças, sugerindo uma ligação afetiva com a língua de origem e possíveis desafios sociais para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Por fim, percebe-se a escassez de pesquisas nacionais sobre pessoas bilíngues autistas e com essa pesquisa pretendemos colaborar com a compreensão do papel do bilinguismo ao desenvolvimento da linguagem de crianças autistas.