Este livro é resultado de muitos encontros, de muitas sextas-feiras. Apesar da pandemia, apesar da distância física, as professoras Silvana Silva (UFRGS), Márcia Boabaid (UFSM) e Célia Della Méa (UFSM), contemporâneas do Curso de Doutoramento em Estudos da Linguagem na UFRGS, reuniram esforços para dar início ao Grupo de Pesquisa Escrita e Sociedade em Perspectiva enunciativa, em janeiro de 2020, bem como de devidamente registrá-lo nos Sistema de Grupos de Pesquisa do CNPq em outubro do mesmo ano. A ele foram agregados imediatamente professores e pesquisadores das áreas de Filosofia e Psicologia, dentre eles a Professora Bruna de Oliveira Bortolini (UPF), indicando o potencial interdisciplinar do Grupo. Desde então foram mais de 20 encontros de pesquisa, reunindo professores e estudantes de diversas universidades do Rio Grande do Sul, a saber, UFRGS, UFSM, UPF, FURG e UNIPAMPA, inicialmente em torno das reflexões sobre memória e linguagem a partir do linguista Émile Benveniste e do filósofo Walter Benjamin. Em 2021, contamos ainda com a participação especial de convidados externos como a Professora e Psicanalista Janaína Namba (UFSCar) e o professor de literatura e cancionista Guto Leite (UFRGS).Como nos diz Jeanne Marie Gagnebin (2014), especialista na obra de Benjamin, inspirada na estratégia de Penélope para preservar o espaço do ausente rei Ulisses, fazer operar a memória é indissociável de ressignificar a história e reafirmar a identidade. Na mesma esteira, Benveniste em Linguagem e a experiência humana destaca a "natureza desigual da experiência", posto que, na maioria das línguas, o passado é expresso com uma riqueza gramatical duas ou três vezes mais expressiva do que o futuro. Isso posto, cabe ao sujeito o trabalho incessante de realinhar e tecer com afinco as formas herdadas na língua e sua experiência social para estabelecer algum porvir. Estabelecidas as premissas da obra Memória e linguagem: estudos interdisciplinares, esperamos que os capítulos desse livro retratem ou representem minimamente a identidade da primeira publicação coletiva do nosso Grupo de Pesquisa. Fazer linguística, fazer filosofia, acreditamos, não se faz sem um enfrentamento epistemológico de categorizações disciplinares e de produção de uma visada ensaística particular. Esperamos que o leitor perceba o Rodrigues, assim como registrar nossa gratidão à designer Gisélli Fátima Elicker das Neves pela criação artística da capa que compõe o livro.