Autolesão na adolescência e a produção científica nacional: revisão integrativa da literatura

Abstract

A autolesão é um comportamento com início geralmente na adolescência e tem como característica principal lesões provocadas no próprio corpo com o intuito de aliviar as angústias, reduzir emoções negativas e, até mesmo, como uma forma do adolescente comunicar seu sofrimento, quando este não pode ser expresso de outra forma. Embora possa gerar ferimentos graves, muitos autores compreendem o comportamento autolesivo como “não suicida” por não ter a intensão consciente de morte. O interesse pelo tema da autolesão na adolescência tem aumentado nos últimos anos e, dessa forma, o objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão integrativa de artigos produzidos sobre esse tema, provenientes de pesquisas nacionais, no período de 2015 a 2020 nas bases de dados BVS, SCIELO, PEPSIC e Portal de Periódicos CAPES. Foram encontrados apenas 12 trabalhos, os quais compreenderam a autolesão como um fenômeno multifatorial e realizada como uma forma de aliviar angústias que não podem ser verbalizadas.

Automutilação na adolescência: um fenômeno psicossocial da contemporaneidade

“…Trata-se de um fenômeno cujas causas são múltiplas e complexas, relacionadas a fatores pertencentes às dimensões pessoal, familiar e social (Ferreira et al,2021). Pode assumir variadas funções, como: aliviar sensações de vazio ou indiferença, interromper sentimentos negativos e induzir sentimentos positivos (APA, 2014;Fonseca et al 2018).…”

“…Mesmo não sendo possível contemplar e perceber todas as incidências, em números absolutos, a automutilação tem crescido significativamente nos últimos 30 anos e tem ganhado maior visibilidade na comunidade científica, mesmo que com certa timidez (Oliveira et al, 2019). Ademais, com o aumento persistente do número de casos, a automutilação pode ser concebida como um problema de saúde pública (Aragão Neto, 2019;Ferreira et al, 2021;Lima et al, 2021).…”

Oficinas Psicoterapêuticas em adolescentes com comportamento autolesivo: Uma proposta de intervenção

“…Estudos indicam o início do comportamento autolesivo no começo da adolescência (American Psychiatric Association, 2014;Brown & Plener, 2017;Giusti, 2013;Guerreiro & Sampaio, 2013;Ferreira et al, 2021;Plener et al, 2015), o que é compreendido por Guerreiro e Sampaio (2013) como um sinal de "adolescência patológica" (p. 214). Nesse sentido, Luyckx, Gandhi, Bijttebier e Claes (2015) entendem que o comportamento autolesivo frequentemente tem seu início na adolescência por ser também a fase da construção da identidade, a qual desempenha um importante papel na autolesão, visto que estudos associam o comportamento a um sintoma da difusão de identidade.…”

“…Nesse sentido, Luyckx, Gandhi, Bijttebier e Claes (2015) entendem que o comportamento autolesivo frequentemente tem seu início na adolescência por ser também a fase da construção da identidade, a qual desempenha um importante papel na autolesão, visto que estudos associam o comportamento a um sintoma da difusão de identidade. Ferreira et al (2021) encontrou em seus estudos o predomínio da autolesão no público feminino, no entanto, destaca que faltam estudos sobre o tema na população masculina, sendo as meninas a maioria das participantes nos estudos.…”

“…Tang et al (2021) Apesar das pesquisas indicarem alto os índices de autolesão, o que leva muitos autores a considerarem o comportamento uma epidemia (Brown & Plener, 2017;Hawton et al, 2012), até há pouco tempo o fenômeno era pouco estudado no Brasil, como pode ser observado na crítica feita por Arcoverde e Soares (2012) e Giusti ( 2013), e ainda hoje não há um levantamento desses índices no país. Ferreira et al (2021) realizaram uma revisão integrativa da literatura visando analisar os estudos nacionais dos últimos anos sobre comportamento autolesivo e encontraram poucos artigos publicados, o que foi considerado pelas autoras como confirmação da falta de pesquisas sobre o tema em nosso país. As autoras também apresentam a carência de trabalhos empíricos que estudem o comportamento autolesivo em adolescentes brasileiros.…”