Autogestão e subjetividade: interfaces e desafios na visão de especialistas da ANTEAG, UNISOL e UNITRABALHO

Abstract

ResumoA Administração, em sua corrente teórica dominante, tem se prestado a transformar as empresas em espaços de propagação ideológica acerca de formas hierarquizadas de organização e gestão do trabalho. Negando esta dimensão política e ideológica da ação administrativa, a Teoria da Administração tem se tornado cúmplice dos interesses do business, educando profissionais cujas ações acabam sobrepondo o econômico ao fator humano e às questões éticas. Em contraposição a este cenário de injustiça e exploração, encontra-se a autogestão, forma de gestão não hierarquizada e democrática cuja implantação tem enfrentado muita dificuldade. Para buscar compreender os desafios que se impõem aos trabalhadores e trabalhadoras que se propõem a trabalhar de maneira autogestionária, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com um especialista em cada uma das três seguintes entidades de fomento a organizações autogestionárias: ANTEAG, UNISOL e UNITRABALHO. Os dados foram analisados por meio do método de análise de conteúdo e indicaram que a autogestão, na visão destes profissionais, implica necessidade de uma mudança de subjetividade desses trabalhadores e trabalhadoras, acostumados ao modelo de trabalho hierarquizado e não democrático. Com base nisso, argumenta-se que, para uma melhor compreensão da dificuldade de implantação da autogestão nas organizações, é necessária a adoção de um conceito de subjetividade que englobe não só o seu caráter individual, mas também seu caráter coletivo. Conquanto a visão da subjetividade individual e coletiva nos leve a refletir sobre o fato de que os desafios da prática da autogestão são mais profundos do que aparentam inicialmente, acreditamos que sua resolução pode estar mais próxima de nós do que imaginamos. Palavras-chave:Autogestão. Subjetividade. Economia solidária. AbstractAccording to its mainstream approach, management has turned organizations into hierarchical forms of organization and work management. By denying its political and ideological dimensions, the Management Theory has become part of the Artigo submetido em 14 de setembro de 2010 e aceito para publicação em 22 de março de 2011.

A racionalidade substantiva das práticas de autogestão: uma análise sobre as dinâmicas organizativas de mulheres na economia solidária sob a perspectiva da história oral

“…This dynamic is also closely related to the previous ones because the democratic process in self-management requires from the subject's participation not only in the production and commercialization processes but also in the decision-making processes, characteristic of substantive organizations, of a collectivist character (Ramos, 1989). For Onuma, Mafra and Moreira (2012), the process of continued democracy is a challenge. However, it allows learning for groups, indicating that the decision-making process becomes agile and of better quality, since those involved accumulate and develop a practice of discussion and deliberation.…”

“…The challenges of the Solidarity Economy are diverse since they involve the task of overcoming values of competition and solely utilitarian calculations, replacing them with collective, cooperative, democratic and self-managed bonds. Many authors consider SE to be deformed and difficult to locate theoretically, since in many situations it acts in a contradictory way when communicating with the capitalist market (Andion, 2005;Onuma, Mafra & Moreira, 2012;Pinheiro & Paula, 2014). The SE ambience in the market society is something intriguing for some researchers in the social sciences (França Filho & Laville, 2004;Pinheiro and Paula, 2014).…”

“…The approach of substantive rationality in Guerreiro Ramos and his contributions to SE, in a theoretical and practical perspective, need to be deepened, based on the use of different research methodologies, and qualitative and quantitative order, in order to approach the understanding of the phenomenon (Ramos, 1989). Such interpretations are a challenge not only for the Solidarity Economy, but for organizations as a whole, which aim to balance work and life dimensions (Onuma, Mafra & Moreira, 2012).…”

“…From this influx of studies related to SE, research is identified that analyze the factors that guided the rise of SE enterprises (Borzaga and Tortia, 2007;Singer, 2008;Gaiger, 2011), studies that observe SE as a social movement of nature popular (Arruda, 2008;Costa, 2011;Singer, 2008), checks on the impacts of enterprises on local economies (França Filho, 2013;Oliveira, 2005), studies that observe labor relations in the context of SE (Guérin, 2003;Hirata 2002;Holzmann, 2002;Oliveira, 2008;Segnini, 2003;Silva, 2012), research on public policies within the scope of SE (Dagnino, 2011;Gaiger, 2011;Monje-Reyes, 2011), studies on dilemmas of Solidarity Economy (Barreto and Paula, 2009;Onuma, Mafra and Moreira, 2012;Sá and Soares, 2005), analyzes on the formation of cooperation networks between enterprises (Mance, 2006;Scherer-Warren, 2012;Soares et al , 2016), studies that question the capacity of SE as an alternative observing o the limits placed by the market system (Bauhardt, 2014;Costa, 2011, Pinheiro andPaula, 2014), research on organizational dynam-ics in the scope of ES enterprises (Costa & Carrion, 2009;Faria, 2017;França Filho, 2013;Pinheiro e Paula, 2014;Santos, 2017;Silva, 2018), among others.…”

A Autogestão No Ambiente Profissional: Aportes E Contribuições

“…Uma das principais características da burocracia, a mecanização, representa para Motta (1981) (Onuma et al, 2012).…”