Abstract:Freedom from work: embracing financial self-help in the United States and Argentina, publicado em 2017 pela Standford University Press − cuja tradução, lançada em maio de 2019 pela Siglo XXI Ediciones, se intitula El sueño de vivir sin trabajar: una sociología del emprendedorismo, la autoayuda financiera y el nuevo individuo del siglo XXI − é leitura fundamental para antropólogos e sociólogos econômicos que se interessam por temáticas que interseccionam questões sobre economia e cultura, neoliberalismo e const… Show more
“…Urdida à financeirização, é bastante comum, nos comunicadores financeiros, uma adesão a discursos neoliberais, a partir dos quais o enunciado "faz circular o enriquecimento fácil do e autocentrado no indivíduo, apresentando ser constituído de relações dialógicas com discursos produzidos pelo capitalismo, com ênfase no individualismo" (Stafuzza & Pereira, 2021, p. 1685. Para Leite (2021), uma das características do gênero é harmonizar, no discurso, uma série de inconsistências, uma vez que ele prega a eficácia de seus produtos ao mesmo tempo que, no entanto, sugere (a partir de princípios como liberdade, autonomia e abundância propalados por esse setor) que o sucesso está atrelado não apenas à inteligência de jogar a regra do jogo, mas sim, de adaptá-la a contextos da vida real. "A produção do 'eu neoliberal' evoca a importância da educação financeira, isto é, uma educação instrumental que deve estimular habilidades financeiras relacionadas ao mundo real" (Leite, 2021, p. 333).…”
Posto que os imperativos da financeirização demandam engajamento afetivo dos indivíduos aos produtos, o objetivo deste artigo é analisar as convocações midiáticas ao consumo operacionalizadas por perfis de Instagram de finanças que apelam ao humor. Recorremos ao método da Análise de Discurso de linha francesa para estudar alguns cruzamentos entre discursos nessas convocações midiáticas. Embora seus conteúdos pareçam caçoar de alguns lugares comuns da literatura de autoajuda financeira, há um aparato discursivo que legitima a norma ao contradizê-la. Trata-se de produções que, a partir do humor, validam certos tipos de comportamento em relação às finanças e constroem, através do discurso, um tipo de consumidor específico, ao naturalizar práticas e legitimar comportamentos vinculados à financeirização das relações econômicas a partir da comunicação.
“…Urdida à financeirização, é bastante comum, nos comunicadores financeiros, uma adesão a discursos neoliberais, a partir dos quais o enunciado "faz circular o enriquecimento fácil do e autocentrado no indivíduo, apresentando ser constituído de relações dialógicas com discursos produzidos pelo capitalismo, com ênfase no individualismo" (Stafuzza & Pereira, 2021, p. 1685. Para Leite (2021), uma das características do gênero é harmonizar, no discurso, uma série de inconsistências, uma vez que ele prega a eficácia de seus produtos ao mesmo tempo que, no entanto, sugere (a partir de princípios como liberdade, autonomia e abundância propalados por esse setor) que o sucesso está atrelado não apenas à inteligência de jogar a regra do jogo, mas sim, de adaptá-la a contextos da vida real. "A produção do 'eu neoliberal' evoca a importância da educação financeira, isto é, uma educação instrumental que deve estimular habilidades financeiras relacionadas ao mundo real" (Leite, 2021, p. 333).…”
Posto que os imperativos da financeirização demandam engajamento afetivo dos indivíduos aos produtos, o objetivo deste artigo é analisar as convocações midiáticas ao consumo operacionalizadas por perfis de Instagram de finanças que apelam ao humor. Recorremos ao método da Análise de Discurso de linha francesa para estudar alguns cruzamentos entre discursos nessas convocações midiáticas. Embora seus conteúdos pareçam caçoar de alguns lugares comuns da literatura de autoajuda financeira, há um aparato discursivo que legitima a norma ao contradizê-la. Trata-se de produções que, a partir do humor, validam certos tipos de comportamento em relação às finanças e constroem, através do discurso, um tipo de consumidor específico, ao naturalizar práticas e legitimar comportamentos vinculados à financeirização das relações econômicas a partir da comunicação.
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