Introdução. O histórico de exposição ocupacional geralmente é mal documentado. Os dados fisiológicos apontam para uma combinação de processos de cocleotoxicidade e neurotoxicidade subjacentes aos efeitos auditivos observados nas exposições a solventes. Assim, a caracterização do risco de exposição a solventes é necessária para desenvolver e implementar medidas diagnósticas e preventivas eficazes. Objetivo. Avaliar o sistema auditivo periférico e central de frentistas expostos a combustíveis. Método. Este estudo transversal utilizou uma bateria de testes que incluiu audiometria tonal liminar (ATL), imitância acústica, potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE) e potencial evocado auditivo cognitivo (P300). Um grupo não exposto incluiu 23 participantes sem exposições conhecidas a ruído, combustíveis ou solventes. O grupo exposto a combustíveis incluiu 21 frentistas que foram expostos a combustível e solventes. Resultados. Apenas 2 dos 24 frentistas apresentaram audição normal em todos os testes. Individualmente, o reflexo acústico estapediano apresentou o maior número de alterações, com diferenças significativas entre os grupos, para os resultados do reflexo acústico estapediano ipsilateral da orelha direita e contralateral da orelha esquerda para o grupo não exposto. Resultados anormais do PEATE e reflexo acústico estapediano podem ser detectados antes das anormalidades de P300 e ATL. Conclusão. Foram observadas alterações auditivas caracterizadas por comprometimento do sistema auditivo periférico e/ou central, sugerindo ação tóxica da exposição aos combustíveis. Mais pesquisas são necessárias para melhor caracterizar os danos às vias auditivas centrais induzidos por combustíveis e para identificar uma bateria de testes audiológicos ideal para uso com este grupo de indivíduos.