Este artigo aborda um diálogo entre o tradicional, originário com o mundo da comunicação em rede com a utilização da internet. De um lado povos indígenas, marcados por lutas, visibilidade, empoderamento, demarcação de seus territórios, fortalecimento identitário e garantia de espaços. Do outro, o mundo da rede mundial de computadores, não acessível a todos por questões políticas, econômicas e sociais, mas que pode alcançar grande parte dos anseios indígenas e lograr, de certo modo, a sobrevivência cultural. Ao observar todas essas características, surge a ideia de criação do Ponto de Memória Digital Anacé, etnia do Ceará, Brasil, que passou por um árduo processo de desterritorialização, sendo transladados de suas terras originárias para uma reserva indígena, carregando em suas memórias a dor da perda de parte de suas identidades, seus territórios sagrados. Este artigo aborda como referencial teórico o conceito de Memória em Le Goff (2012), Halbwachs (2013) e Candau (2012); o conceito de Cibercultura abordado por Lemos e Cunha (2003) e Segata (2015); os conceitos de Território e de Desterritorialização em Haesbaert (2004), e o conceito de Sobreculturalidade no pensamento de Valério (2016, 2021, 2023); bem como os pensamentos de Gomes (2014), Brissac (2015, 2016), Nóbrega (2020) e Souza (2021) sobre o processo de territorialização contemporânea e reidentificação do povo Anacé. Esta proposta tem como base metodológica o Estado da Arte e Estudo do Conhecimento, segue uma perspectiva qualitativa com um enfoque antropológico com base no conceito de Cibercultura quando associa e interliga elementos de uma cultura tradicional com a Ciência da Computação e as Mídias Digitais. Utiliza, para tanto, grupos focais para sua validação. Como resultados serão apresentadas as funcionalidades e protótipos do ponto de memória digital com a finalidade de empoderamento e visibilidade trazidos com esta demarcação de território virtual, além de uma ideia concreta de perpetuação cultural.