Atendimento odontológico de paciente submetido à radioterapia em região de cabeça e pescoço: relato de caso clínico

Abstract

O tratamento do câncer de cabeça e pescoço depende da idade do paciente, presença de comorbidades, tamanho do tumor, localização, grau, estágio, presença de linfonodos afetados e de metástases, e inclui cirurgia, radioterapia e quimioterapia, combinadas ou separadamente. As complicações bucais da radio­terapia em região de cabeça e pescoço são amplamente conhecidas, tais como, mucosite, xerostomia, dis­geusia, trismo, cárie de radiação e osteorradionecrose. A prevenção ou redução da incidência e severidade dessas complicações são fundamentais para a manutenção da saúde bucal, tendo o dentista um papel primordial antes, durante e após a radioterapia. Dessa forma, este relato de caso visa discutir o atendi­mento odontológico de uma paciente irradiada em região de cabeça e pescoço, salientando as principais complicações bucais, manejo odontológico e a importância da Odontologia na equipe multidisciplinar no tratamento do câncer bucal.

Carcinoma escamocelular em soalho de boca causando destruição mandibular

“…Como mencionado, além da cirurgia, algumas terapêuticas coadjuvantes podem ser utilizadas neste tipo de câncer, é o caso da quimioterapia e/ou da radioterapia. A radioterapia consiste em radiações ionizantes, que atuam sobre o DNA das células malignas, levando à morte celular ou à perda de sua capacidade reprodutiva e, ao mesmo tempo, preservando os tecidos normais, alcançando um índice terapêutico favorável 21 . Porém, esta modalidade de tratamento promove efeitos colaterais que também se manifestam na cavidade oral, é o caso da mucosite, da diminuição do fluxo salivar, que por sua vez facilita o aparecimento da candidíase, da cárie de radiação e da xerostomia.…”

Evitando urgências odontológicas em pacientes oncológicos: relato de caso

“…A mucosite oral apresenta-se em graus variados de eritema podendo evoluir para ulcerações (Borges et al, 2018). A mucosite oral grave pode acarretar a necessidade de nutrição enteral ou parenteral e analgésicos favorecendo infecções sistêmicas pelo fato da barreira da mucosa oral está rompida (Hong et al, 2019).…”

“…O uso do laser de baixa potência é utilizado para prevenir o surgimento de mucosite oral, pois apresenta capacidade de bioestimular e aumentar o metabolismo celular evitando o aparecimento das lesões na cavidade oral, promove a cicatrização e contribui também para a analgesia. Além do laser, outras substâncias para bochechos e medicamentos de ação tópica são utilizadas para controle de dor e inflamação (Borges et al, 2018;Macedo et al, 2019).…”

“…A disgeusia acontece pela atrofia das papilas gustativas ocasionadas pela radiação, a xerostomia ocorre pela disfunção das glândulas salivares e a osteorradionecrose se caracteriza pela exposição de osso desvitalizado através de uma abertura na pele ou mucosa, sendo o tratamento: prescrição de bochechos de solução aquosa de gluconato de clorexidina a 0,12% associado à higiene oral, remoção de sequestros ósseos e possíveis irritantes locais (Borges et al, 2018).…”

“…As neoplasias malignas em região de cabeça e pescoço são a 6º mais prevalente (Borges et al, 2018), representando cerca de 5% de todas as neoplasias existentes, atingindo em torno de 1,7% da população brasileira (Arantes et al, 2020).…”