Atendimento de puérperas pela fisioterapia em uma maternidade pública humanizada

Abstract

O objetivo foi descrever o perfil de puérperas atendidas pela fisioterapia em uma maternidade pública de Betim, MG, e o atendimento a elas prestado, visando contribuir para a assistência fisioterapêutica obstétrica. Foi feito um levantamento de 215 fichas de avaliação fisioterapêutica de puérperas, contendo dados demográficos e clínicos, além dos registros específicos da fisioterapia. A maioria da puérperas era jovem, do lar, casadas, multíparas e de Betim. Quanto à avaliação das mamas, a maioria apresentou mamas simétricas, secretantes, mamilos protrusos, tendo sido observados poucos traumas mamilares ou dificuldade na amamentação; 62,3% das puérperas apresentavam diafragma normocinético, 85,1% som timpânico à percussão abdominal, involução uterina dentro da normalidade, 87,9% contração do assoalho pélvico presente, 30,3% edema em membros inferiores; a diástase dos músculos reto-abdominais foi de 2±1 e 1±1 dedos supra e infra-umbilical, respectivamente. As condutas adotadas foram: exercícios respiratórios diafragmáticos, abdominais isométricos, contração do assoalho pélvico; exercícios circulatórios de membros inferiores, manobras de eliminação de flatos, deambulação e orientação. O perfil das puérperas atendidas correspondeu ao esperado, encontrando-se elas em estado de recuperação puerperal. A conduta proposta pela fisioterapia foi realizada pela grande maioria das puérperas.

Papel da Fisioterapia em Obstetrícia: avaliação do nível de conhecimento por parte dos médicos e equipe de enfermagem, gestantes e puérperas da rede pública de Barueri/SP

“…Tais premissas são corroboradas por estudo que investigou a atuação do fisioterapeuta em maternidades cujos entrevistados relataram que a Fisioterapia seria necessária para a saúde materno-infantil, todavia, sem mais aprofundamentos sobre as possíveis condutas fisioterapêuticas 14 . Embora haja estudos que suportem a premissa de benefícios da atuação fisioterapêutica 15,16 por meio de distintas abordagens, como exercícios respiratórios, cinesioterapia do assoalho pélvico, estímulo à deambulação, por exemplo, verifica-se a necessidade de maior aprofundamento do conhecimento e divulgação da Fisioterapia em Obstetrícia tanto no meio profissional quanto junto aos usuários. Ademais, deve-se instigar o papel do fisioterapeuta na prevenção, conforme demonstrado em pesquisa cujos profissionais consideravam os atendimentos domiciliares como espaços para a atenção fisioterapêutica, porém somente para o tratamento, reforçando-se, assim, a visão curativista 17 .…”

Assistência ao puerpério imediato: o papel da fisioterapia

“…4,6 A principal queixa encontrada na população estudada foi a dor, referida principalmente na região dos pontos -episiotomia nos casos de parto vaginal e incisão cirúrgica das cesáreas -, o que corrobora estudos anteriores, que demonstram que tanto parturientes de parto vaginal como de parto cesáreo apresentam dor na região dos pontos, com a diferença de que a duração da dor é menor no parto vaginal quando comparado ao parto cesáreo. 16,17 A segunda queixa mais frequente na avaliação foi có-lica, considerando que a maioria das puérperas apresentou involução uterina dentro da normalidade, ou seja, em regiões próximas à cicatriz umbilical.…”

“…22 Posto isso, é esperado que, nos primeiros dias pós-parto, a cinesia diafragmática se apresente normo ou hipocinética, cabendo no último caso exercícios respiratórios para retorno da cinesia diafragmática. 6 Algumas mulheres estudadas nesta pesquisa apresentaram edema de membros inferiores. Dessa forma, coube à fisioterapeuta orientar a execução de exercícios circulatórios para membros inferiores associados à deambulação precoce, enfatizando para as puérperas a importância da realização destes, mesmo após a alta hospitalar, com a finalidade de prevenir fenômenos tromboembólicos, ajudar no retorno venoso e diminuir o edema puerperal.…”

“…23 De acordo com resultados de trabalhos já publicados, as puérperas de nossa pesquisa foram orientadas a realizar contração voluntária dos músculos do AP de forma sistemática. 6 No entanto, na nossa amostra observou-se a contração da musculatura acessória como auxilio para o recrutamento dos músculos do AP, o que pode ser explicado pelo aumento da dor na região perineal e da incisão cirúrgica nos casos de cesárea.…”

“…5 O assoalho pélvico (AP) pode permanecer hipotônico e distendido pela ação hormonal, sobrecarga do bebê e possíveis traumas durante o trabalho de parto, podendo ocasionar incontinência urinária (IU) durante a gravidez ou no puerpério. 6 A biomecânica diafragmática também pode se alterar devido ao crescimento uterino e à ação da progesterona, refletindo em um padrão respiratório torácico, que pode se manter no puerpério imediato. 6 Além das alterações musculoesqueléticas, o sintoma mais frequentemente relatado pelas puérperas é a dor, que nesse período é caracterizada como aguda, causando limitações nas trocas posturais e na deambulação.…”