Astrobiologia e ensino de ciências

Abstract

Dentre as atuais abordagens da pesquisa científica, que buscam a partir de uma visão multidisciplinar estudar os problemas científicos complexos que envolvem a possibilidade de a vida ser intrínseca ao Universo, encontra-se a Astrobiologia. Diante dos pressupostos integradores de uma área inovadora de investigação científica, inquietou-se interrogar: A ótica do paradigma da complexidade pode perspectivar o ensino de temas da astrobiologia no ensino de ciências? Quais são as possibilidades de articulações que podem fundamentar este trabalho? Nessa pesquisa, recorte da fundamentação teórica de uma Dissertação de Mestrado defendida em 2020, buscou-se apontar as consonâncias entre o Paradigma da Complexidade e a emergência da Astrobiologia como campo de pesquisa científica, com vias em traçar aspectos diante das possibilidades de perspectivação do ensino da vida no universo, norteado pela ótica da complexidade no contexto da Educação para a ciência. Para isso, foi empregada uma Pesquisa Qualitativa de cunho bibliográfico pautada na Revisão Sistemática. Mediante a análise, foram discutidas as dimensões disciplinares do conhecimento, bem como foi apresentado um parâmetro geral da Astrobiologia como campo de pesquisa reemergente da ciência e suas potencialidades no contexto educacional. Logo, foi possível articular e inferir possibilidades que podem ser mobilizadas ao trabalhar temas da Astrobiologia na educação para a ciência, norteados pelo enfoque paradigmático da complexidade. Assim, almejou-se com este estudo encaminhar e clamar com urgência e, sobretudo, ampliar ações educativas que visem pelo progresso de mudanças paradigmáticas e reformas de pensamento que contemplem a construção de uma consciência planetária.

Diálogos entre a Astrobiologia e a Pedagogia da Terra

“…Diante da importância e dos desafios enfrentados nesses processos formativos, construiu-se o minicurso abordando, além de perspectivas conteudistas com relação às áreas de interesse, discussões pedagógicas que perpassam e incluíssem seus papéis como educadores ambientais, contemplando também elementos e caminhos para que estes saberes fossem levados à sala de aula pelos professores. Além disso, Oliveira & Francelino (2021) Chefer & Oliveira (2022) e Gadotti (2013) muito discutem sobre a lacuna que existe na formação de professores nas áreas às quais este estudo se debruça, sendo apontado então como uma interessante lacuna de pesquisa.…”

“…Ana discorre sobre um dos aspectos que fundamentam a Universidade como instituição pública: a Extensão (função esta que abre espaço para o diálogo do que é produzido academicamente com a comunidade local, global e, em especial, as escolas). Sabe-se da importância de tais instituições na formação inicial e continuada dos professores em nosso país e, em contrapartida, na fala de Ana, entende-se que estas iniciativas (sobretudo de formação contínua) vem sendo insuficientes; ainda que com iniciativas interessantes encontradas, alguns dos artigos referenciados aqui corroboram a afirmação da mesma e vêm demonstrando e discutindo a distância entre as Universidades e as Escolas, sendo apontados como uma realidade no mundo todo (Chefer & Oliveira, 2022, Pansera de Araújo et al, 2009. Mais do que isso, entende-se que tais projetos não estão alcançando os professores, seja por falta de divulgação ou ainda os modelos de formações que inviabilizam sua participação.…”

“…Nota-se que a atividade docente não é neutra, ainda que desencorajada, sobretudo no que tange ao alicerce de uma sociedade futura, justa e igualitária fundamentais para a construção de uma nova realidade sociocultural no planeta. Muitos estudos têm evidenciado as potencialidades da Astrobiologia sobretudo no sentido de contribuir com práticas de alfabetização científica desenvolvendo a criatividade, a criticidade e, além disso, promover práticas e reflexões que possam ampliar os olhares dos discentes/docentes da relação homem/natureza/ cosmo e na formação de uma identidade planetária (Oliveira & Francelino, 2021, Chefer & Oliveira, 2022. Em diálogo, a Ecopedagogia como modelo pedagógico abrange aquilo que nos parece mais caro quando pensamos uma Educação para o futuro, que construa um verdadeiro espírito e sentido de humanidade, desde a sustentabilidade até a percepção crítica da realidade.…”

“…Logo, é fundamental investir e proporcionar aos docentes acesso a cursos de formação continuada, incentivos para o contato com a prática científica em si, para que estes possam utilizar recursos que vão muito além do livro didático em suas aulas (Chefer & Oliveira, 2022). Em síntese, a proposta de pesquisa aqui construída intenciona aproximar uma ciência que se vale do devir, do movimento, a Astrobiologia e suas potencialidades, como um caminho para atender demandas apresentadas na formação continuada de professores de ciências sobretudo dentro de perspectivas que possibilitem uma educação para a Pedagogia da Terra.…”

“…Em seguida, utilizando aspectos semânticos contidos nas falas, e partindo dos elementos que contemplam os saberes docentes fundamentais à sua formação profissional, propostos por Tardif (2005) 2 , criamos quatro categorias (a posteriori), o que segundo Moraes (1999) caracteriza-se como uma análise indutiva. Para a discussão dos dados, o que corresponde às etapas finais da Análise de Conteúdo (descrição, interpretação e inferências), utilizamos como base teórica autores relevantes para esse estudo, além de Tardif (2005), como Diniz-Pereira (2014), Gadotti (2000), Chefer & Oliveira (2022) e Oliveira & Francelino (2021). Consideramos também, aspectos que se incluem nos saberes dos professores, mas que se relacionam diretamente com processos de formação continuada e o cotidiano do professor.…”