A imagem de placas ateroscleróticas em território extracardíaco, por meio do ultrassom das carótidas, tem sido proposta como forma indireta para estimar o risco coronário. Considerou-se a hipótese de que a avaliação isolada do tronco da artéria coronária esquerda (TCE) pudesse predizer diretamente a carga aterosclerótica no restante da árvore coronária. Métodos: O estudo incluiu pacientes com diagnóstico de doença arterial coronária com indicação de intervenção coronária percutânea (ICP), que apresentassem TCE sem estenose significativa. Durante a ICP, realizou-se ultrassom intracoronário (USIC) do TCE e das três artérias coronárias em que foram mensuradas as áreas luminal, da membrana elástica externa e da placa e a carga de placa em cada vaso. Resultados: Foram incluídos 17 pacientes com média de idade de 56 + 8,9 anos, 71% do sexo masculino e 41% diabéticos. Apesar de nenhum paciente apresentar estenose significativa no TCE à angiografia ou ao ultrassom, observou-se, no TCE, evidência de aterosclerose com área de placa de 8,4 + 2,7 mm² e carga de placa de 33,5 + 8,9%. Correlação significativa entre o TCE e o restante das coronárias foi observada para todos os parâmetros ultrassonográficos avaliados: área luminal (r = 0,5), área da membrana elástica externa (r = 0,7), área de placa (r = 0,6) e carga de placa (r = 0,4). Conclusões: Nesta análise piloto, a carga aterosclerótica coronária global pôde ser estimada a partir da avaliação isolada do TCE por USIC.