Aspectos prosódicos do português angolano do Libolo: entoação e fraseamento 

Abstract

Este estudo tem como obje vo fornecer uma análise fonológica de alguns aspectos prosódicos do português angolano do Libolo. Seguindo a abordagem Autossegmental-Métrica da fonologia entoacional, nas linhas dos trabalhos de J. Pierrehumbert e R. Ladd, e da Fonologia Prosódica, conforme a proposta de M. Nespor e I. Vogel, inves gamos: (i) os contornos entoacionais nucleares de diversos pos frásicos (declara vas, interroga vas totais, interroga vas parciais, impera vos e voca vos), considerando diferentes funções pragmá cas; (ii) o contorno entoacional não nuclear, descrevendo os pos de acentos tonais pré-nucleares e sua frequência de associação ao longo do contorno (densidade tonal); e (iii) o fraseamento prosódico, observando a relação entre a entoação e a formação de cons tuintes prosódicos no fraseamento dos enunciados em sintagmas entoacionais e na marcação tonal das fronteiras prosódicas. Comparamos ainda nossos resultados com aqueles descritos em trabalhos prévios para outras variedades de português e que foram desenvolvidos com base nas mesmas teorias fonológicas de análise prosódica u lizadas nesta pesquisa (a saber, o português europeu, o brasileiro, o guineense e o santomense). Os resultados alcançados nesta inves gação revelam as seguintes caracterís cas principais do português libolense: (i) contornos entoacionais nucleares semelhantes aos de outras variedades do português são encontrados para grande parte dos pos frásicos; (ii) a densidade tonal é um possível indica vo para a dis nção de pos frásicos; (iii) o fraseamento prosódico em um único sintagma entoacional é o padrão preferencial; e (iv) a fronteira do sintagma fonológico é opcionalmente marcada por um tom baixo. Em geral, os aspectos do sistema entoacional e do fraseamento prosódico são compar lhados com outras variedades de português, evidenciando, assim, uma distribuição variável de traços comuns.

Guinea-Bissau Portuguese: What the intonation of yes-no question shows about this variety

“…Let us finally consider the African varieties of Portuguese already described in the literature. GBP shows similarities to the contour found for the Angolan variety of Libolo, described as L+H* L% (Santos, 2020), which also has a high pitch accent associated with the stressed syllable of the nuclear prosodic word of the yes-no question, followed by a low boundary tone L%. However, the H-tone plateau of the nuclear contour was not found in the Libolo variety either.…”

“…Braga (2019) analyzed this sentence type for São Tomé Portuguese (São Tomé and Príncipe) using reading task data and describes a rising-falling nuclear contour L*+ (¡)H HL% and a high tonal density. Santos (2020), investigating the Angolan variety of Libolo (Angola), found two types of nuclear contours: a rising-falling contour L+H* L%, for both reading and semi-spontaneous speech, and a rising contour, L* H% or L+H* H%. The author also attested a high tonal density for the LbP yes-no questions in the reading task data.…”

“…For the pre-nuclear contour, we will use the results from Frota (2014) for EP (SEP), and Castelo (2016), andRosignoli (2017) for BP varieties. For tonal density, we will use the results from Frota et al (2015a), for EP varieties, Frota et al (2015a), Castelo (2016) and Rosignoli (2017) for BP varieties, Braga (2019) for the São Tomé variety (São Tomé and Príncipe), and Santos (2020) for the Angolan Libolo variety 16 .…”

Creole Prosodic Systems Are Areal, Not Simple

“…Tone systems apparently also characterize other African Romance varieties, among them the French varieties of Côte d’Ivoire ( Boutin and Turscan, 2009 ) and Mali ( Bordal and Skattum, 2014 ). The data on African varieties of Portuguese is not conclusive (e.g., Santos, 2019 for Angolan Portuguese). But it would be unusual if these varieties had stress-only systems, since most of them are spoken in tonal ecologies.…”

Fonologia do português de São Tomé e Príncipe

“…Mesmo em Angola, onde o português, além de possuir o estatuto de língua oficial, é, desde o século XX, a língua mais falada do país (INE, 2014), as demais línguas autóctones não foram extintas (SANTOS, 2018). Assim, diversas línguas do grupo banto estão presentes e são empregadas em território angolano, a despeito de haver dificuldades na implementação de uma política linguística que contemple as demais línguas nacionais de Angola (SANTOS, 2018).…”