A Leishmaniose Visceral é uma doença infecciosa parasitária considerada endêmica em 38 países e está entre as seis endemias prioritárias do Mundo. No Brasil a doença possui ampla distribuição geográfica com casos notificados em pelo menos 19 estados distribuídos entre as cinco regiões da federação, com um crescente número de ocorrência, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi identificar o perfil clínico e epidemiológico de pacientes pediátricos, de 0 a 12 anos, acometidos por LV, atendidos no Hospital de Doenças Tropicais (HDT/UFT) entre os anos de 2017 a 2019, localizado no município de Araguaína, no estado do Tocantins, considerada uma região endêmico para a doença. A metodologia empregada no presente estudo foi baseada em uma pesquisa retrospectiva documental com abordagem quali-quantitativa, feita por uma análise de prontuários de crianças de 0 a 12 anos com diagnóstico de Leishmaniose Visceral. As seguintes informações foram coletadas: idade, sexo, etnia, local de residência, sinais e sintomas clínicos, exame físico, exames laboratoriais, doenças preexistentes, tipo de alimentação, história pregressa, condições de hidratação e nutrição. Os dados foram categorizados no Microsoft Office Excel 2010, para a confecção e composição das frequências e porcentagens, na análise de estatística descritiva. A estatística analítica utilizou como testes de significância o Qui-quadrado e o teste de Fisher. Os dados foram processados no software EpiInfo, versão 7.2.4.0, com nível de significância de 95% (p ≤0,05). O presente estudo foi realizado com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins, sob o número 3.987.059. Entre 2017 e 2019 foram registrados 147 casos (novos e em recidivas) confirmados de LV em crianças no HDT, sendo uma ocorrência de 70% em crianças entre 0 e 2 anos; Dos pacientes avaliados, 81,6% eram pardos, que pode ser um indicativo de exposição relacionada a classe social, que acomete a população de baixa renda, composta, em sua grande maioria, por pessoas pretas e pardas. A maioria das ocorrências da doença foram registradas nas regiões urbanas, representando 89,7% dos casos. Em relação aos exames laboratoriais, foram observadas diversas alterações em decorrência aos distúrbios hematológicos, além de febre, esplenomegalia, hepatomegalia e palidez. No entanto, o tratamento foi capaz de reverter de forma significativa os parâmetros hematológicos (p < 0,01), incluindo a alteração plaquetária, que pode gerar graves hemorragias, tanto em casos novos como em pacientes em recidivas. O presente estudo foi de grande importância, pois, trouxe informações sobre a realidade de pacientes pediátricos acometidos por LV, para auxiliar a comunidade científica, servindo como balizamento para futuros estudos. Além disso, trouxe a luz, informações que podem ser utilizadas pela comunidade hospitalar para aprimoramento de sua conduta nos cuidados nestes casos.