O artigo pretende contribuir para a análise da gestão pública do setor da cultura no Brasil, investigando a produção discursiva sobre as políticas culturais no governo Bolsonaro. Examinamos posicionamentos públicos de dirigentes da Secretaria Especial de Cultura vocalizados entre maio de 2020 e junho de 2021, como via de acesso às lógicas de gestão que passam a pautar a pasta. O texto põe sob análise a constituição dos públicos dessa plataforma política e sua relação com as táticas de governança do chamado populismo digital. Como resultado, aventamos a ascensão retórica de um novo perfil de competências para o gestor público da cultura, que desafia os termos pelos quais essa tarefa foi historicamente assumida como responsabilidade do Estado brasileiro.