As especificidades dos ambientes insulares: meio ambiente e cultura – Estudo de caso do Ecomuseu Ilha Grande – UERJ

Abstract

As zonas costeiras brasileiras e a mata atlântica são consideradas pela Constituição Federal de 1988 patrimônio nacional. Agregada a esta consideração, as características biofísicas e socioambientais dessas regiões possuem especificidades próprias que lhe conferem uma importância estratégica em termos de políticas públicas e desenvolvimento sustentável. Esta é a realidade da Ilha Grande, RJ. Ciente de suas peculiaridades e responsabilidades como cessionária das antigas instalações remanescentes da extinta Penitenciária Cândido Mendes, na Ilha Grande, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) iniciou suas atividades de pesquisa e preservação dos ecossistemas da região através do Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (CEADS). Paralelamente, promoveu ações com vista à criação do Ecomuseu Ilha Grande composto por quatro unidades: Museu do Cárcere, Museu do Meio Ambiente, Parque Botânico e Centro Multimídia. O ECOMUSEU Ilha Grande apresenta-se como um instrumento adequado ao desenvolvimento de programas, projetos e ações de preservação, pesquisa e comunicação com acentuado interesse sociocultural e ambiental. Este é o foco desse trabalho que tem por objetivo apresentar o desenvolvimento das primeiras pesquisas e ações extencionistas realizadas na região. Palavras-chaves: Meio ambiente; Cultura; Ambientes Insulares; Ecomuseu da Ilha Grande

Estudo da evolução urbana

“…Além do período carcerário, outros cenários econômico-sociais verificaram-se no local. Lima et al (2010) indicam que a Vila foi um "importante centro de abastecimento de embarcações no século XVI", sendo ponto de apoio para abastecimento de água e alimentos. Os autores relatam que os portugueses utilizavam a região para evitar encontros com os índios Tamoios no continente e, que já os piratas e os contrabandistas buscavam escapar da fiscalização portuguesa.…”

“…Os autores relatam que os portugueses utilizavam a região para evitar encontros com os índios Tamoios no continente e, que já os piratas e os contrabandistas buscavam escapar da fiscalização portuguesa. Nos séculos XVI e XIX, foram registrados "episódios de pirataria, tráfico de escravos e contrabando de mercadorias" (LIMA et al, 2010). A fazenda comprada por Dom Pedro II durante seu reinado, a Fazenda Dois Rios, deu seu nome à região.…”

“…A partir da reforma policial, houve uma reestruturação da CCDR, levando assim, à implementação do IPCM na região anos depois (SANTOS, 2004). A CCDR foi fechada, mas outra instituição foi implementada no local e os indivíduos indesejado foram realocados para outras regiões, como mendigos e capoeiras (LIMA et al, 2010). Nesse período, também, foi demarcada a estrada que liga a Vila do Abraão à Vila Dois Rios.…”

“…A "estrutura de funcionamento anterior com os internos trabalhando inclusive fora dos muros da unidade, em atividades como a pesca e a agricultura." (LIMA et al, 2010). Os moradores da vila eram favorecidos pelo presídio, pois o local era conservado pelo trabalho dos presidiários, havia um amparo governamental significativo e a instituição servia como um núcleo de trabalho para os moradores.…”

Iniciativas socioculturais para a preservação do meio ambiente na Ilha Grande, RJ

“…A Ilha Grande é considerada patrimônio nacional e está localizada na região administrativa da baía de Ilha Grande -também conhecida como Costa Verde -no município de Angra dos Reis, no sul do Estado do Rio de Janeiro (ver figuras 2). A Ilha possui uma das maiores áreas preservadas de Mata Atlântica do estado e uma grande geodiversidade com costões, praias, rios, lagoas, restingas, manguezais e vasta biodiversidade de fauna e flora, tendo, atualmente, o turismo como principal atividade econômica 2 Marinho e a Área de Proteção Ambiental de Tamoios; e a presença de diversos órgãos governamentais e não governamentais que ali atuam em nome da proteção da biodiversidade regional, fatores como falta de planejamento, falta de fiscalização eficiente e falta de apoio à população local, que em parte encontra-se à margem das atividades mais lucrativas desenvolvidas na região, fazem com que muitos projetos de preservação estejam ameaçados 3 . Dois grandes problemas a serem resolvidos na região são a questão fundiária e a visitação desordenada e sem suporte informacional (ver figura 3).…”