As competências desenvolvidas no ensino superior de contabilidade e sua importância para a profissão: O cenário português

Abstract

O objetivo principal deste estudo é identificar a diferença entre a perceção de estudantes finalistas dos cursos de Contabilidade do 1.º ciclo de ensino superior quanto às competências desenvolvidas no seu percurso de formação e a de contabilistas certificados sobre a importância dessas competências para o desenvolvimento da atividade profissional, no cenário português. Construíram-se dois questionários por inquérito, um para os estudantes finalistas e outro para os contabilistas certificados, tratando duas categorias de competências associadas ao ensino superior da Contabilidade: gerais e específicas. Obteve-se um total de 345 respostas para os estudantes finalistas e 392 para os contabilistas certificados. Na análise dos dados foi utilizado o método estatístico descritivo. A análise aos resultados permite concluir que os estudantes finalistas percecionam a capacidade de trabalhar em equipa como a competência geral mais desenvolvida, enquanto os contabilistas certificados consideram a capacidade de organização como a mais importante para a atividade profissional. A compreensão da linguagem técnica contabilística é a competência específica percecionada como a mais importante e a mais desenvolvida na formação superior. Procurou-se acrescentar evidência científica que contribui para um melhor conhecimento das competências que os estudantes, futuros contabilistas, percecionam que devem obter para atender às necessidades dos empregadores. Esta investigação pode, também, servir de fundamento para promover futuras mudanças nos métodos de ensino, procurando uma maior convergência entre a formação superior de Contabilidade e o que o mercado de trabalho procura.

As competências dos contabilistas certificados requeridas pelos empregadores: uma análise a partir dos anúncios divulgados no linkedin

“…Como tal, a H2 não se vê rejeitada. A predominância do item S1 (capacidade de análise) no contexto do grupo em que se insere, que surge em 88% dos anúncios analisados, vai ao encontro da revisão da literatura efetuada, que a destaca como uma das principais competências requeridas pelos recrutadores da área (Domingos, 2017;Dwaase et al, 2020;Jones, 2010).…”

“…A maior exigência da profissão, a pressão por parte dos recrutadores, dos clientes e dos stakeholders, impõe que os profissionais de Contabilidade tenham de deter conhecimentos de outras áreas para além da Contabilidade, desenvolvendo competências mais gerais (Dwaase et al, 2020;Domingos, 2017), especialmente, a nível tecnológico (Dzuranin et al, 2018;Francisco, 2019;Odia & Oke, 2018).…”

“…Para ser capaz de fazer face a todas as novas exigências, a literatura reconhece que os profissionais de Contabilidade devem possuir outras competências para além das técnicas da profissão, para afirmar a sua relevância nas organizações empresariais modernas (Domingos, 2017;Dwaase et al, 2020;Dzuranin et al, 2018;Odia & Oke, 2018;Suleman, 2016).…”

“…Como tal, muitas organizações consideram prioritárias as qualificações profissionais dos indivíduos durante o emprego.De acordo comGuillamón et al (2016), os jovens profissionais de Contabilidade são menos propensos a divulgar valores profissionais em relação aos adultos. Verifica-se, também, que o género é um fator diferenciador no que respeita à divulgação de competências.As profissionais de Contabilidade do género feminino foram identificadas como possuindo excelentes competências contabilísticas em comparação com os profissionais do género masculino(Ramírez et al, 2020).De acordo com Bui e Porter (2010), as empresas de pequena e média dimensão procuram e valorizam as competências técnicas dos candidatos, enquanto as empresas de grande dimensão valorizam mais as competências comportamentais, o pensamento crítico, a proatividade, as competências de comunicação nas suas diversas formas e o espírito visionário técnicos que recrutam Domingos (2017). entrevistou especialistas de empresas recrutadoras de diplomados em Contabilidade, em Portugal, tendo verificado que 90% dos entrevistados consideraram que o domínio da linguagem técnica contabilística é uma competência essencial para o desempenho da atividade profissional.…”

“…Para dar resposta às questões de investigação propostas neste estudo, identificadas na introdução deste artigo, e tendo em conta a revisão de literatura efetuada, foram definidas as seguintes hipóteses (H):H1. Não se identificam diferenças significativas entre o nível de competências relacionais (soft skills) e de competências técnicas (hard skills) requeridas pelos empregadores que procuram contabilistas certificados através do LinkedIn (designadamente,Dwaase et al, 2020;Neves et al, 2015).H2.No âmbito das competências relacionais (soft skills), as competências instrumentais são as mais requeridas pelos empregadores que procuram contabilistas certificados através do LinkedIn (designadamente,Domingos, 2017;Dwaase et al, 2020;Suleman, 2016). (composto por 8 itens: S10 a S17) e competências sistémicas (composto por 17 itens: S18 a S34).…”