As armas de Pierre Bourdieu contra o “flagelo neoliberal”

Abstract

A questão neoliberal, embora não tenha tido tratamento teórico sistematizado por parte de Pierre Bourdieu, perpassou o conjunto de sua obra sobretudo a partir da década de 1990. Este artigo busca demonstrar que suas considerações sobre o neoliberalismo estiveram relacionadas à constituição de uma subjetividade de resistência política em torno de sua conformação como intelectual público. Para tanto, foram articuladas as mais significativas experiências de engajamento público mobilizadas por esse sociólogo ao seu enfrentamento à questão neoliberal. Por fim, será realizada uma interpretação do sentido dessa subjetividade de resistência ao neoliberalismo. A incorporação crítica desse repertório teórico e político pode nos inspirar para novos fazeres sociológicos, à luz das exigências e dos compromissos atuais.

A autonomia do campo escolar e a formação de professores de ciências: estudo sobre as características do habitus, processos de socialização e disputas entre campos

“…Ele entende que o modelo neoliberal apoia-se sobre sobre algumas questões, como a que os governos não podem contrariar o mercado com intervenções e o mercado seria o meio adequado para organizar a produção de modo eficiente e equitativo, baseado na forma histórica mais radical do laissez-faire , como enxugamento e flexibilização (BOURDIEU, 2001;CARVALHO, 2020). Além do mais, coloca Bourdieu (1998, p. 58) que "a perspectiva neoliberal impregnada nas políticas públicas torna essas ações amparadas no ideal da 'responsabilização individual' e da 'filosofia da competência', uma espécie de 'neodarwinismo social'".…”