Tratamento artroscópico da instabilidade anterior traumática do ombro: resultados a longo prazo e fatores de risco lise estatística através de programa Epi Info e testes t de Student e exato de Fisher. Resultados: Observado índice de recidivas em 8,9% dos ombros. Segundo a UCLA, excelentes/ bons resultados observados em 97,6% e, regulares/ ruins em 2,4% dos ombros. Segundo Rowe, excelentes/bons resultados em 89,2% e regulares/ ruins em 10,8% dos ombros. Observada significância (p = 0,013) entre uso de materiais adequados, curva de aprendizado e índice de recidivas. História de convulsões (p = 0,0039) e prática de esportes de contato (p = 0,004) tiveram forte correlação com recidivas. Não se evidenciou correlação entre lesão de Bankart (p = 0,546), lesão de HillSachs (p = 0,62) e recidivas, considerando-se lesões ósseas menores que 25% da glenóide e cabeça umeral, respectivamente. Conclusões: 1) Há correlação estatisticamente identificada entre o índice de recidiva da instabilidade anterior traumática do ombro e: a) convulsões no pós-operatório; b) prática de esportes de contato; c) presença das lesões de Bankart com Hill-Sachs caracterizadas por 25% ou mais de lesão óssea da glenóide ou da cabeça umeral, respectivamente. 2) Parece haver correlação entre o não reparo da lesão SLAP e o índice de recidiva da instabilidade anterior traumática do ombro. Descritores
INTRODUÇÃOA luxação primária anterior de ombro ocorre habitualmente em jovens durante esportes de contato ou por queda com trauma de baixa energia em idosos. A luxação anterior em idosos tem complicações peculiares, enquanto a instabilidade recidivante é um problema particular nos jovens.Nas últimas três décadas houve grande avanço no desenvolvimento técnico da cirurgia artroscópica para tratamento das instabilidades do ombro. Contribuiu para o nível progressivo de excelência dos resultados a melhor seleção de pacientes, o aprimoramento das técnicas, a melhora na qualidade do instrumental cirúrgico e de implantes, além da experiência crescente dos cirurgiões.Johnson propôs o reparo com grampos da lesão de Bankart, por via artroscópica, obtendo alto índice de recidivas e complicações como lesões osteocondrais em seus resultados (1) . Seguindo o mesmo princípio e com o objetivo de diminuir as recidivas, outros autores desenvolveram novas técnicas artroscópicas (2)(3)(4) . Morgan et al usaram fio de sutura absorvível transglenóideo para o reparo da lesão de Bankart (3) . Caspari et al também usaram técnicas de reparo transglenóideo por via artroscópica (5) . Carrera et al utilizaram a técni-ca transglenoidal com fio inabsorvível e ponto de sutura em "U", obtendo 20% de recidivas (6) . Godinho et al relataram o uso da técnica de Morgan, obtendo 13,9% de recidivas em 79 pacientes (7) .O surgimento da técnica de sutura com âncoras representou importante avanço no reparo das lesões labiais, na medida em que possibilitou a realização de toda a fixação da lesão de Bankart com pontos intraarticulares (8)(9) .Burkhart et al relataram alto índice de recidivas pós-c...